Quando Beatriz chegou!
Foram três longos anos. Quando decidimos engravidar não
imaginávamos que seria assim. Os exames iniciais davam conta de um casal em
plena condição de gerar uma criança. E, no entanto, Beatriz não vinha.
Não vinha, mas já existia dentro de mim. Em meus sonhos, na
força do meu pensamento. No meu olhar, agora treinado para ler e ver tudo que
estivesse relacionado á gravidez. Só uma mulher que deseja imensamente
engravidar é capaz de entender a frustração de ver e sentir o “sangue” descer,
quando o que se esperar é outra coisa.
Vinha sempre o questionamento sobre os motivos que me
levaram a demorar tanto para decidir engravidar. Por que tão “tarde”? Por que o
relógio biológico feminino bate mais rápido? É culpa, é medo, é raiva. É tudo
junto.
Como Bia não vinha, nova bateria de exames se fez necessária
e um diagnóstico preocupante: endometriose, miomas e obstrução de trompas.
Depois veio o tratamento difícil. Era como se eu estivesse na menopausa. Todos
os sintomas da menopausa me acompanharam por 4 meses.
Foi quando veio o mais difícil de ouvir: uma solicitação
para repetir os exames porque seríamos encaminhados para a inseminação
artificial. O tempo de espera me fez questionar inúmeras vezes sobre o que eu
queria mais profundamente: engravidar ou ser mãe?
E quando eu ouvi que teria que partir para a inseminação,
pude constatar que o que eu queria mesmo era ser mãe e que o modo pouco
importava. Assim, decidimos que faríamos a inseminação, mas caso não fôssemos
bem sucedidos, partiríamos para adoção.
Cansados, doídos, resolvemos dar um tempo para relaxarmos.
Depois de muito tempo, parei de olhar tabelas, de calcular dias férteis, de
checar temperaturas. Foi quando ela chegou. Beatriz: aquela que veio fazer os
outros felizes.
Deu-me um estalo. "Que dia é hoje?" E eu, que
sempre fui muito regular, estava um dia atrasada. Um dia. Tanto que o exame de
farmácia deu uma leve mudança de coloração. Fui ao hospital. Fiz um exame de
sangue e o resultado deu inconcluso. “Volte daqui a uma semana e repetiremos o
exame”.
Fiquei mais três dias em casa, sem contar para meu
companheiro, completamente atordoada. Repeti o exame de farmácia e fiquei tão
feliz, mas tão feliz que não acreditava. Novo exame de sangue e dessa vez o
resultado era categórico: gravidíssima!
Eu e meu companheiro decidimos guardar essa notícia até que
tudo estivesse bem. E só depois de dois meses saímos, de casa em casa, a darmos
a boa nova àqueles que, de certo modo, acompanharam nossa angústia.
E Beatriz finalmente chegou e eu pude começar a aprender a
ser mãe. Pude entender a extensão, a grandiosidade desta palavrinha.
E confirmando o que o significado do seu nome diz, ela veio
realmente para fazer os outros felizes. Mas eu acredito que só pode fazer
alguém feliz quem é feliz, então, a escolha do nome dela soa quase como um
mantra: Seja FELIZ, minha pequena, minha filha, é esta a sua missão!
2 comentários:
Ai que legal, adorei o relato! :)
Esses relatos são sempre muito emocionantes... acompanhando tds, quem sabe eu ñ crio coragem e faço o meu. rs
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