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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sábia Cecília!

4º Motivo da Rosa


Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.


Autor: Cecília Meireles

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Paula Peixoto: TCC- Relações Públicas- UNEB- Institucional- Pronera

Paula Peixoto: TCC- Relações Públicas- UNEB- Institucional- Pronera

TCC- Relações Públicas- UNEB- Institucional- Pronera

1 Introdução

Este projeto foi elaborado pelas alunas Paula Peixoto e Priscila Oliveira, como pré-requisito para a colação de grau no Curso de Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Insere-se na modalidade Projetos Experimentais III (Técnicas de Comunicação Aplicada), a qual prevê a execução de um trabalho prático na área de Comunicação Social.
Para tanto, a equipe optou por desenvolver uma publicação para o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), iniciativa da qual a UNEB faz parte desde 1999. O PRONERA é fruto de uma política pública do Governo Federal, que tem como intuito a promoção de ações educativas em assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária espalhados ao longo de todo o território nacional.
Na UNEB, o PRONERA se configura como um projeto de extensão, desenvolvendo atividades educativas em oito regionais no Estado da Bahia. Dessa forma, a Universidade contribui, através do empenho e dedicação de alguns de seus professores e alunos, para a redução das taxas de analfabetismo e a elevação do nível de escolaridade de jovens e adultos moradores de áreas de Reforma Agrária na Bahia.
Optou-se por trabalhar com as Relações Públicas no âmbito da educação para a Reforma Agrária por haver uma identificação das autoras deste projeto com a proposta do PRONERA, de tal forma que as alunas se dispuseram a apoiar o PRONERA/UNEB no que diz respeito às suas práticas comunicacionais.
A escolha de um projeto de comunicação na modalidade aplicada responde a uma demanda, apontada pelos movimentos sociais do campo envolvidos com o Programa, no sentido de se aperfeiçoar a comunicação estabelecida entre os seus participantes (alunos proneristas, movimentos sociais, professores e alunos universitários envolvidos, INCRA) e entre a instituição e esses públicos. Dessa maneira, foi solicitada a criação de um periódico – jornal ou revista – para o Programa. A proposta da equipe é a de corresponder a essa demanda através da construção de um jornal institucional, que viabilize uma maior circulação e socialização das informações de interesse dos grupos envolvidos.
Houve um desejo da equipe em estudar e conhecer melhor o tema da educação no e do campo, bem como a motivação de verificar como as ferramentas da comunicação podem se constituir em poderosos meios auxiliares do processo de construção da cidadania. Através deste projeto propõe-se o desafio de, utilizando-se de um veículo de comunicação dirigida, o tradicional house organ, montar uma proposta editorial diferenciada, com vistas a fomentar o debate e a postura crítica, em suma, a participação, de forma a não repetir os vícios costumeiros dos veículos unidirecionais, pautados na transmissão de notícias de uma única fonte.
O conhecimento produzido na academia pode e deve ir além dos muros das Universidades, de forma que sejam derrubadas as fronteiras entre a academia e a sociedade como um todo. A produção do conhecimento deve ter como fim o bem-estar social. É imprescindível que haja a preocupação com a produção e o “trânsito” do conhecimento em todas as esferas da sociedade, não se esquecendo de que é fundamental dar respostas às demandas que surgem das relações sociais.
Este projeto está estruturado em três partes: na primeira, faz-se uma introdução a respeito do PRONERA a nível nacional e apresentam-se algumas das atividades desenvolvidas pelo Programa em parceria com a UNEB. Em seguida, é explicitada a metodologia utilizada para a sua produção. E, por fim, é apresentada a proposta do jornal institucional para o PRONERA/UNEB, destacando-se suas principais peculiaridades.

















2 O PRONERA

O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) é uma política pública do Governo Federal que visa promover ações educativas em assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária, utilizando metodologias de ensino adequadas à realidade sócio-cultural do campo.

2.1 Antecedentes

O PRONERA é fruto de um processo de discussão ocorrido entre representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de algumas Universidades brasileiras durante o I Encontro Nacional de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária (I ENERA), evento realizado em Brasília, em julho de 1997. Os educadores e educadoras envolvidos em projetos educativos em assentamentos e acampamentos estavam interessados em expandir as atividades já desenvolvidas. Foi neste contexto que surgiu a idéia de se criar um programa de âmbito nacional para tratar das questões referentes à educação na Reforma Agrária.

A necessidade colocada era de dinamizar as atividades de alfabetização e educação básica de jovens e adultos desenvolvidas pelo Setor de Educação do MST já há alguns anos, buscando uma assessoria técnico- pedagógica junto às Universidades, e incorporar outros segmentos da esfera rural, como a Contag, a Comissão Pastoral da Terra da CNBB, e a UNESCO, além da Universidade de Brasília, que já apoiava. A Unb, através do Grupo de Trabalho de Apoio à Reforma Agrária, elaborou então um projeto nacional de educação para os assentamentos da reforma agrária, discutida em reunião com um conjunto representativo de Universidades (DI PIERRO & ANDRADE, 2003, p. 28) .

O programa, criado oficialmente em abril de 1998, trouxe várias inovações, dentre as quais destaca-se um modelo de parceria e gestão colegiada, participativa e democrática. Este modelo de gestão é chamado de tripartite, pois conta com a participação de membros do Governo Federal, de Instituições de Ensino Superior e de movimentos sociais, representados pelo MST, por sindicatos filiados à Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG) e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), além de outras organizações.
Inicialmente, o PRONERA esteve vinculado ao Ministério Extraordinário da Política Fundiária (MEPF), atual Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Algum tempo depois, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) assumiu as responsabilidades pelo Programa, uma vez que suas superintendências regionais nos diversos Estados ofereciam melhores condições para a operacionalização das atividades. Apesar de ter havido diálogo e articulação prévios entre os ministérios da Política Fundiária, do Trabalho e da Educação, os dois últimos não quiseram gerenciar ou co-financiar o Programa, temendo intervenções por parte dos movimentos sociais.

2.2 Objetivo Geral

Promover, dinamizar e fortalecer atividades educativas nos Projetos de Assentamentos (PA) da Reforma Agrária, tendo como base a utilização de metodologias de ensino voltadas para a especificidade do campo, buscando contribuir para o desenvolvimento rural sustentável.

2.3 Objetivos Específicos

• Reduzir as taxas de analfabetismo;
• Elevar o nível de escolarização da população dos assentamentos;
• Promover a habilitação de professores nos níveis médio e superior;
• Promover a formação técnico-profissional de jovens e adultos, com foco nas áreas de produção agropecuária e administração rural;
• Produzir materiais didático-pedagógicos subsidiários às ações educativas desenvolvidas;
• Promover a capacitação de coordenadores locais, para que estes possam atuar como lideranças comunitárias;
• Promover a escolarização e a formação de monitores, para que estes atuem como agentes multiplicadores das ações educativas nos assentamentos da Reforma Agrária.

2.4 Público-Alvo

O Programa tem, como público-alvo, jovens e adultos moradores de Projetos de Assentamentos (PA’s) e acampamentos da Reforma Agrária implantados pelo INCRA ou por órgãos estaduais responsáveis pelas políticas agrária e fundiária.
Importante destacar que, além desses jovens e adultos assentados e acampados, também é beneficiada, indiretamente, a população de comunidades adjacentes às áreas em questão.

2.5 Como se organiza

Segundo consta no Manual de Operações do PRONERA (2001, p. 15-18), o Programa se organiza da seguinte forma:

2.5.1 Gestão Nacional

A gestão nacional do PRONERA fica sob a responsabilidade de uma Direção Executiva, um Colegiado Executivo e uma Comissão Pedagógica.

2.5.1.1 Direção Executiva

É a que cuida da administração e gestão dos recursos do Programa. É constituída por um representante do INCRA, um representante da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF/MDA) e um representante do Ministério de Educação e Cultura (MEC). Esta Direção Executiva é coordenada por um de seus membros, o qual é escolhido por consenso. Ela é operacionalizada por um grupo de apoio sediado na Coordenação Geral de Projetos Especiais da Superintendência Nacional do Desenvolvimento Agrário (INCRA) e possui as seguintes atribuições: “elaboração das propostas de programações operacionais; a gestão pedagógica do Programa e sua articulação com o conjunto das políticas de educação” (MANUAL DE OPERAÇÕES DO PRONERA, 2001, p. 15).

2.5.1.2 Colegiado Executivo

É formado por oito membros, cujo coordenador é o mesmo da Direção Executiva. São membros deste Colegiado: dois representantes dos movimentos sociais; um representante dos Secretários Estaduais de Educação; três representantes da Direção Executiva; um representante do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB) e um representante da Comissão Pedagógica.
O Colegiado Executivo possui as seguintes atribuições:

Apreciar, aprovando ou não, a programação operacional e de gestão pedagógica propostas pela Direção Executiva; planejamento, implementação, monitoramento e avaliação dos projetos custeados pelo Programa; supervisão geral das atividades gerenciais nas áreas financeira, técnica e de apoio administrativo; integração dos parceiros e das áreas administrativas e pedagógicas do Programa (MANUAL DE OPERAÇÕES DO PRONERA, 2001, p.16).

2.5.1.3 Comissão Pedagógica

É composta por seis membros, quais sejam: um representante dos Secretários Estaduais de Educação; dois representantes da Direção Executiva; um representante das Universidades; dois representantes dos movimentos sociais. Esta Comissão poderá ser coordenada por qualquer um de seus membros, o qual deve ser escolhido por consenso. Em alguns casos poderão ser convidados outros profissionais de Universidades e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para colaborar com os trabalhos da referida Comissão. São suas atribuições:

Coordenar as atividades didático-pedagógicas do Programa; definir os indicadores de desempenho e instrumentos de avaliação; localizar, discutir, desenvolver, divulgar e avaliar as metodologias e instrumentos pedagógicos pertinentes aos pressupostos teórico-metodológicos do Programa; apoiar, orientar e monitorar, segundo as orientações pedagógicas, os Colegiados Executivos Estaduais; emitir parecer técnico sobre propostas de trabalho e/ou projetos e apresentá-los ao Colegiado Executivo; mobilizar e articular os instrumentos do Programa junto ao MEC (MANUAL DE OPERAÇÕES DO PRONERA, 2001, p. 16-17).

2.5.2 Gestão Estadual

No âmbito estadual, o Programa é operacionalizado por um Colegiado Executivo Estadual que possui as seguintes atribuições:

Divulgar, coordenar, articular, implementar, acompanhar, supervisionar e avaliar o Programa; mobilizar, dinamizar e orientar as atividades de alfabetização e escolarização junto às universidades e instituições de ensino superior do estado; avaliar as atividades pedagógicas desenvolvidas no seu estado; promover parcerias entre governo do estado, municípios, ONG’s, movimentos sociais, universidades e instituições de ensino superior (MANUAL DE OPERAÇÕES DO PRONERA, 2001, p. 17).

Este Colegiado Executivo é formado por representantes da Superintendência Regional do INCRA, do Governo do Estado, dos Secretários Municipais de Educação, das Instituições de Ensino Superior, de Organizações não governamentais (ONG’s) que trabalham com a educação rural e dos movimentos sociais. É coordenado e operacionalizado por um representante indicado pela Superintendência Regional do INCRA.

2.6 Princípios Teórico-Metodológicos

2.6.1 Princípio da Interatividade

As ações educativas são postas em prática mediante parcerias entre os órgãos governamentais, as Instituições de Ensino Superior (IES), os movimentos sociais e sindicais do campo e as comunidades assentadas e acampadas, visando estabelecer uma interação permanente entre esses atores sociais.

2.6.2 Princípio da Multiplicação

As ações educativas desenvolvidas nos assentamentos e acampamentos visam não somente o aumento do número de alfabetizados, como também do número de monitores e de agentes educadores e mobilizadores.

2.6.3 Princípio da Participação

A comunidade beneficiária é envolvida em todas as fases dos projetos (elaboração, execução e avaliação).

2.7 Operacionalização do Programa

O regime de parceria é a condição fundamental para a implementação do Programa e é entendido como uma ação compartilhada em que as partes envolvidas pautam-se pelos objetivos comuns, tendo direitos e deveres equivalentes, que é a base da gestão participativa. No entanto, cada parceiro cumpre atribuições específicas, assumindo as responsabilidades devidas para que o conjunto tenha um funcionamento harmonioso (DI PIERRO & ANDRADE, 2003, p.29).
Os principais parceiros, aos quais podem se agregar outros — dependendo das características de cada projeto — são as Instituições de Ensino Superior (IES), os movimentos sociais rurais, as Superintendências Regionais do INCRA (SR’s) e as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação.
As Instituições de Ensino Superior acumulam várias funções, quais sejam: assumem o papel de mediadoras entre os movimentos sociais e sindicais e o INCRA; elaboram os projetos, num trabalho conjunto com os demais parceiros; executam e realizam o acompanhamento pedagógico das ações educativas e ainda são responsáveis pela gestão dos recursos financeiros. Os movimentos sociais são responsáveis pela mobilização da população nas comunidades, a identificação das demandas potenciais, bem como pelo acompanhamento da execução das atividades e da aplicação dos recursos. Às Superintendências Regionais do INCRA (SR’s) cabe o acompanhamento financeiro, o apoio logístico e a articulação interinstitucional. As Secretarias Estaduais e Municipais de Educação são incumbidas de garantir a implantação dos projetos no âmbito estadual e municipal, e também são responsáveis pela criação de estratégias que possibilitem a continuidade das ações educativas iniciadas pelo PRONERA (DI PIERRO & ANDRADE, 2003, p. 29-30).
A infra-estrutura necessária para o pleno e bom funcionamento das salas de aula é de responsabilidade dos movimentos sociais, das Superintendências Regionais do INCRA e das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação (DI PIERRO & ANDRADE, 2003, p. 30).
De acordo com o que consta no Manual de Operações do PRONERA (2001, p. 19), para poder apresentar os projetos as Instituições de Ensino Superior devem ter experiência no trabalho em Projetos de Assentamento da Reforma Agrária, cursos de licenciatura ou bacharelado em Educação ou Técnico-Profissional reconhecidos pelo MEC. As Universidades devem dispor também de professores com qualificação específica para atuar na área e devem estar habilitadas para a certificação necessária .
Para que os projetos sejam implementados junto ao Programa, eles devem primeiramente passar pela Comissão Executiva, que vai verificar a conformidade aos critérios de elegibilidade. Em seguida, os projetos passam pelo crivo da Comissão Pedagógica, que vai avaliar e emitir um parecer técnico sobre os conteúdos pedagógicos e metodológicos. Posteriormente, são julgados por um Colegiado Executivo da Coordenação Nacional, que analisará a observância às orientações gerais e diretrizes do PRONERA (DI PIERRO & ANDRADE, 2003, p. 30).
Os projetos devem garantir as condições mínimas de infra-estrutura para o funcionamento e acesso às salas de aula, bem como uma demanda potencial para as ações educativas e número suficiente de monitores para atender às exigências pedagógicas. Uma condição fundamental para a aprovação de um projeto é a comprovação da parceria, em geral materializada por uma carta dos movimentos sociais envolvidos. Após a aprovação, os projetos são implementados mediante a formalização de um convênio entre a Superintendência Nacional do INCRA e a instituição proponente (DI PIERRO & ANDRADE, 2003, p. 30).
Para a melhor operacionalização dos projetos, é montada uma cadeia pedagógica com a seguinte progressão: um professor universitário para cada cinco alunos universitários e cinco coordenadores locais, que vão acompanhar 50 monitores, os quais trabalharão com 1000 alunos alfabetizandos. É importante destacar que pode haver variações nesta cadeia pedagógica, a depender das especificidades de cada região (DI PIERRO & ANDRADE, 2003, p. 30).
Os professores universitários devem dispor de 40 horas mensais para desenvolver as atividades de capacitação e formação de monitores e coordenadores locais, com remuneração média de R$ 10,50/hora. Aos alunos universitários é exigida dedicação de 80 horas mensais, com bolsa de R$ 240,00. Os coordenadores locais são membros dos movimentos sociais e das comunidades assentadas e, para assumirem esta função, devem ser aprovados em avaliações, oral e escrita, aplicadas pelas Universidades. Aos coordenadores locais também são exigidas as 80 horas mensais de trabalho, com remuneração de R$ 240,00 para acompanharem 10 turmas de 20 alunos. Os monitores também são selecionados pelos mesmos critérios apontados anteriormente, e devem ser as pessoas de maior nível de escolaridade possível dentre os trabalhadores assentados, pois a eles cabe a dedicação ao exercício da docência por 80 horas mensais, pelas quais recebem R$ 120,00 de remuneração (DI PIERRO & ANDRADE, 2003, p. 30-31).

2.8 Concepção de Educação

A educação é concebida nos princípios da educação popular, enquanto um processo de constante reflexão-ação sobre a prática, pautada na idéia de educação como um diálogo entre educador e educando, em que ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho. É concebida de maneira a gerar um impacto na qualidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, servindo como um instrumento para a emancipação humana, possibilitando a transformação social.

2.8.1 Luta social na construção de um outro projeto de sociedade

A luta por melhores condições de vida, trabalho e o engajamento no processo de transformação social levam homens e mulheres a se educarem no interior desta luta enquanto agentes sócio-históricos de construção de uma sociedade inclusiva, justa, democrática e igualitária.
2.8.2 Prática social como fio condutor do processo educativo

O eixo central do processo educativo é a realidade social. Os conteúdos das áreas de conhecimento são articulados com a experiência de vida, trabalho e luta social dos educandos, possibilitando a análise e um maior entendimento da complexidade da realidade que, ao ser compreendida, torna-se objeto da transformação social.

2.8.3 Construção e organização coletiva do conhecimento

O processo educativo é assumido pela coletividade. Há uma troca de saberes e de experiências, que torna possível a criação de um espaço de aprendizagem colaborativa, no qual são respeitadas as diferenças e as individualidades. Esse processo educativo baseia-se na dialeticidade e no diálogo, na interação e envolvimento de todos em igualdade de condições, na apropriação do conhecimento enquanto um bem coletivo.

2.8.4 Trabalho como princípio educativo

O trabalho é concebido como um eixo articulador entre a teoria e a prática, o que possibilita a elaboração de um novo saber sobre o processo de trabalho, as relações de trabalho e o próprio trabalho pedagógico, o espaço escolar e a educação.

2.8.5 Respeito e valorização à pessoa e aos seus saberes

O educando trabalhador possui um conjunto de crenças, valores, símbolos e conhecimentos oriundos da sua formação pessoal, da sua prática no trabalho e das suas vivências pessoais. Este conjunto de saberes e experiências deve ser considerado e valorizado no processo educativo e articulado com os novos conhecimentos trazidos pela escola, propiciando o avanço na construção e apropriação do conhecimento por parte dos educandos e dos educadores.
2.9 Construindo uma Pedagogia do Campo

O PRONERA atua no sentido de auxiliar na promoção de uma cultura do direito de todos terem acesso à educação de qualidade no meio rural, inovando na formulação de uma Pedagogia do Campo.

O Programa guarda coerência com as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, aprovadas em 2001 pelo Conselho Nacional de Educação, na medida em que promove uma diversidade de práticas a cada projeto e contexto singular por meio de inovações pedagógicas presentes nos projetos de educação. A flexibilidade de organização dos cursos concretiza as diretrizes político-pedagógicas ajustando o ensino à especificidade do contexto do campo, em consonância com as diferenças identitárias e socioculturais da comunidade, bem como as particularidades regionais. (ANDRADE; DI PIERRO; MOLINA; JESUS, 2004, p. 49).

A metodologia utilizada nos cursos de formação de educadores e nos cursos técnicos profissionalizantes é o chamado regime de alternância, que organiza o processo de aprendizagem em dois momentos distintos: o tempo-escola, quando se realizam as aulas presenciais, e o tempo-comunidade, período dedicado ao desenvolvimento de atividades práticas no campo, onde os conhecimentos adquiridos são aplicados testados (ANDRADE; DI PIERRO; MOLINA; JESUS, 2004, p. 50).
Uma inovação que merece destaque é a avaliação final da aprendizagem feita com base nos Trabalhos de Conclusão de Curso, em especial dos cursos de nível médio (Magistério) e Técnicos. A prática da pesquisa, a elaboração e a defesa de uma monografia perante uma banca de especialistas procura estimular nos alunos a construção do conhecimento a partir da investigação científica, de forma que eles possam compreender melhor a realidade na qual estão inseridos para poderem nela intervir de forma mais crítica e consciente (ANDRADE; DI PIERRO; MOLINA; JESUS, 2004, p. 49).

O caráter sistêmico é outra particularidade do Programa que se concretiza na articulação de suas ações educativas de modo complementar, na medida em que o processo de formação dos educadores qualifica o ensino de crianças, jovens e adultos do campo, ao mesmo tempo em que eleva o seu nível de escolarização e conseqüentemente da população assentada do campo. [...] Outro fator diferencial é a dinâmica da construção coletiva, da gestão compartilhada nas diversas instâncias organizacionais a partir da sala de aula; [...] O Programa também proporciona uma produção de conhecimento sobre a realidade educacional do campo, expressa em trabalhos de conclusão de curso, monografias, dissertações e teses, que, no entanto, se encontram dispersos e pouco socializados, merecendo a elaboração de um estado da arte e a veiculação em uma revista científica, seja em modo virtual ou impresso. (ANDRADE; DI PIERRO; MOLINA; JESUS, 2004, p. 50-51).

2.10 Modalidades Educativas e Orientação Pedagógica

Embora tenha iniciado suas atividades promovendo a alfabetização e a educação de jovens e adultos, já em 1999 o PRONERA ampliou as modalidades educativas para os cursos técnicos profissionalizantes e os de Ensino Superior.
As ações educativas são desenvolvidas em diferentes níveis de ensino e visam atender às demandas sociais por educação nos assentamentos da Reforma Agrária, que são basicamente as seguintes: alfabetização de jovens e adultos assentados (EJA); escolarização, nos níveis fundamental, médio e superior; formação continuada de educadores que atuam no ensino de crianças, jovens e adultos nos assentamentos; formação técnico-profissionalizante com foco nas áreas de produção e administração rural e produção de materiais didáticos a partir das demandas surgidas nas atividades mencionadas (ANDRADE & DI PIERRO, 2003, p. 31).
O I Censo da Reforma Agrária do Brasil, realizado em 1997, entrevistou 80% das famílias assentadas, revelou as condições dos assentamentos e como vivem os trabalhadores, mostrando a baixa escolaridade e o alto índice de analfabetismo entre os assentados – a média nacional é de 45% e, em alguns Estados, chega a 70%. As exigências da nova realidade que caracteriza o campo, cada vez mais voltado para a implementação de tecnologias, tornam inaceitáveis esses altos índices de analfabetismo, e fazem da sua permanência um verdadeiro obstáculo ao sucesso do Programa de Reforma Agrária do Governo Federal.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é a modalidade educativa considerada prioritária, porque atende à necessidade dos assentados jovens e adultos de dominarem a leitura e a escrita, além dos conhecimentos básicos de matemática e estudos da ciência da natureza. Esta modalidade abrange três tipos de atividades: a primeira é o processo de alfabetização, realizado em salas de aulas distribuídas nos assentamentos, com duração mínima de 400 horas/aula presenciais, tendo o aluno ao término do curso que “dominar o processo de construção do conhecimento de modo a ser capaz de produzir um pequeno texto minimamente articulado, a partir de seu próprio vocabulário”; os monitores do EJA, por sua vez, elevam sua escolaridade no ensino fundamental supletivo, e recebem capacitação pedagógica para atuarem como agentes multiplicadores da escolarização nos assentamentos; a terceira atividade reside na capacitação dos coordenadores locais, preparando-os para atuarem como lideranças comunitárias (ANDRADE & DI PIERRO, 2003, p.31).

Ao se elaborar uma proposta pedagógica e metodológica para a alfabetização de jovens e adultos trabalhadores rurais na atualidade, deve-se ter em mente uma concepção de educação na qual o indivíduo se identifique como um ator importante no processo de construção do conhecimento, processo no qual as suas experiências de vida, os seus conhecimentos prévios, as suas crenças e os seus valores são levados em conta. Os alunos devem se identificar como sujeitos criadores de sentido cultural, de cidadania, e não apenas como meros receptores de conteúdos.

2.11 Seleção dos Projetos de Assentamentos da Reforma Agrária a serem beneficiados

A escolha dos Projetos de Assentamentos (PA) da Reforma Agrária a serem beneficiados pelo Programa é feita em conjunto pelo INCRA, pelas Instituições de Ensino Superior, pelas Secretarias Municipais de Educação e pelos movimentos sociais e sindicais do campo. Para ser selecionado, o assentamento deve apresentar:

Infra-estrutura mínima necessária para a constituição de uma sala de aula; condições viáveis de acesso às salas de aula; existência de trabalhadores rurais analfabetos ou semi-alfabetizados; número suficiente de monitores que possam atender às exigências pedagógicas do projeto (MANUAL DE OPERAÇÕES DO PRONERA, 2001, p. 28).

2.12 O PRONERA na UNEB

O PRONERA é uma das atividades de extensão desenvolvidas pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade do Estado da Bahia (PROEX/UNEB) e foi implantado nesta Universidade em 1999 através do Projeto de Educação e Capacitação de Jovens e Adultos em Áreas de Reforma Agrária. Foram alfabetizados 3.821 assentados e 173 concluíram o ensino fundamental através de um projeto de escolarização de 5ª à 8ª séries. Após o término deste curso, os movimentos sociais solicitaram à UNEB a continuação do Programa e em 2001 foi implantado o Curso de Ensino Médio na Modalidade Normal, possibilitando a continuidade dos estudos para 80 assentados da Reforma Agrária.
Dos vinte e quatro campi da UNEB, oito estão envolvidos com ações do PRONERA, quais sejam: Campus IX Barreiras; Campus XVII - Bom Jesus da Lapa; Campus XVIII – Eunápolis; Campus XXI – Ipiaú; Campus XIV – Irecê; Campus XIII – Itaberaba; Campus XI – Serrinha e Campus X - Teixeira de Freitas. A estrutura multicampi da Universidade tem contribuído para um acompanhamento mais minucioso das ações do Programa, uma vez que a Coordenação Central trabalha articulada a dez Coordenadores Regionais, os quais são indicados pelos Diretores das diversas Faculdades. Os Departamentos de Itaberaba e Barreiras preferiram organizar-se em uma Coordenação Colegiada, com dois professores por Departamento.
A presença dos coordenadores regionais nas áreas de Reforma Agrária, aliada à infra-estrutura das Faculdades, favorece o desenvolvimento das ações do Programa. Isso possibilita e impulsiona a continuidade dos projetos (vide anexos A e B), o que de outra forma não seria possível em virtude da escassez de recursos disponibilizados.
























3 Trabalho de Campo

Este capítulo explicita os principais motivos que conduziram à realização deste trabalho, bem como todos os “passos” dados em direção à sua concretização.

3.1 Problemática

Percebe-se a cada dia com maior nitidez que os meios de comunicação de massa – em especial os jornais, as revistas e a televisão – estão abrindo um espaço cada vez maior à divulgação de notícias e à realização de debates a respeito da luta por uma Reforma Agrária no Brasil. A discussão deste assunto vem sendo ampliada, e os movimentos de luta pela Reforma Agrária vêm conquistando o seu lugar junto à grande mídia nacional, que ajuda a tornar públicas as suas reivindicações e principais demandas.
A exposição midiática, contudo, por si só, não favorece aos movimentos. É necessário averiguar-se que tipo de mensagem se veicula a respeito destes grupos sociais e qual o cunho político integrado à ela. Existem muitas notícias sobre Reforma Agrária, entretanto, poucas são as que manifestam apoio efetivo a esta causa.
A valorização da luta camponesa se verifica apenas em alguns meios, em geral, meios alternativos de publicação impressa. Percebe-se, inclusive, que, no Brasil, ainda se trata do tema com muito receio, e que, por vezes, falas importantes por parte dos movimentos são suprimidas. A exposição desta luta camponesa nos meios de comunicação cresce notoriamente, entretanto, o apoio da mídia e da sociedade não crescem na mesma proporção ou no mesmo ritmo.
A opinião de parte da população e da grande mídia a respeito dos movimentos rurais tende a assumir uma característica paternalista, herança da formação opressora implantada desde o Brasil Colônia. Os grandes senhores de terras também eram os donos do poder local e a quem os camponeses estavam submetidos. Esta herança, impregnada de medo e de silêncio, dificulta o apoio da sociedade à causa camponesa e assombra a opinião dos brasileiros quanto à legitimidade de tal mobilização.
Na tentativa de romper o silêncio, alguns movimentos de luta pela Reforma Agrária se organizaram – cada um de acordo com o seu perfil – e montaram seus próprios meios de comunicação. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia (FETAG-BA), por exemplo, possui um site próprio e um periódico. O MST, além do seu site, também possui um jornal distribuído nacionalmente.
A comunicação se apresenta como um recurso efetivo no auxílio à legitimação dos movimentos sociais do campo. Permite-se, então, através dela, a exposição das falas antes reprimidas. Através da comunicação é possível promover uma maior integração entre os membros de um determinado movimento, uma maior articulação política e ideológica, além do favorecimento do debate de temas afetos às causas que defendem.
O PRONERA, que trabalha com o público de assentados e acampados em áreas rurais, além de atender às demandas específicas de educação no campo, também deve adequar-se à realidade dos movimentos sociais no que diz respeito à necessidade de se comunicarem.
Os movimentos sociais do campo que participam do PRONERA/UNEB solicitaram a produção de instrumentos que facilitassem a comunicação dentro Programa, tais como: periódicos, boletins, sites e vídeos (vide anexo C). Ao perceberem que a participação política não é possível sem a comunicação, os movimentos sociais reivindicaram um espaço de expressão para sua voz.
A Universidade do Estado da Bahia, diante desta nova demanda e ciente do seu papel no auxílio ao desenvolvimento da sociedade, pretende atender à solicitação dos movimentos através da criação de um jornal institucional impresso para o Programa. Esta é uma das propostas de aprimoramento da comunicação realizada no PRONERA/UNEB.
Com esta proposta, pensar-se-á numa comunicação democrática, dialógica, com vistas às reais necessidades de expressão dos movimentos de luta pela Reforma Agrária na Bahia.




3.2 Justificativa

O PRONERA tem como um de seus objetivos principais a promoção da inclusão social – através da educação – de pessoas do campo que não tiveram a oportunidade de estudar, favorecendo a produção do saber crítico.
Os movimentos sociais e sindicais do campo solicitaram, durante o I Seminário de Avaliação do PRONERA/UNEB, realizado em 2003, uma maior divulgação das ações desenvolvidas pelo Programa em suas oito regionais espalhadas pelo Estado da Bahia. Nesta oportunidade, foi sugerida por esses movimentos a produção de boletins, publicações, sites e programas de televisão, como uma opção para o PRONERA/UNEB apresentar aos seus públicos de interesse as suas principais práticas.
Além dessa reivindicação dos movimentos sociais, a equipe percebeu que a comunicação interna entre os participantes do Programa poderia ser aprimorada, como forma de integrá-los e fortalecer o PRONERA/UNEB como um todo. São escassos os recursos e instrumentos utilizados na comunicação entre a Coordenação Central e suas regionais. Em geral, os meios utilizados são o telefone, o e-mail e as reuniões, as quais são esporádicas, principalmente em virtude da distância física entre uma regional e outra.
Faz-se necessário, também, o fortalecimento do elo entre a instituição e os alunos proneristas. Muitos dos alunos não conhecem muito bem o Programa, apesar de serem beneficiados por ele. Em alguns casos, os educandos só sabem o nome do projeto ao qual pertencem, como se o projeto existisse autonomamente e não fosse vinculado a uma instância maior, que é o PRONERA/UNEB.
O jornal proposto pela equipe como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), tem como metas principais a facilitação da troca de informações entre os participantes do Programa e a socialização das atividades desenvolvidas. Este periódico poderá auxiliar na resolução de alguns dos problemas de comunicação anteriormente citados, bem como será um meio impresso que permitirá uma maior circulação de informações, democratizando, inclusive, o acesso dos alunos a uma fonte diferenciada de conhecimento do mundo.
A escolha do jornal impresso como um meio de atender, em parte, às demandas dos movimentos sociais e sindicais do campo na luta pela Reforma Agrária, originou-se do fato de se acreditar que os alunos do Programa devem praticar a leitura como um exercício de cidadania. Iniciados na escrita, alfabetizados, os estudantes poderão ter acesso a uma publicação de seu interesse direto, já que relacionada ao cotidiano do Programa do qual fazem parte.
A criação deste jornal procura incitar nos alunos o prazer da descoberta do texto escrito, instigar a busca de informações e atualização dos conhecimentos, de forma que se possa estimular o desempenho da cidadania. Acreditamos que, como diz José Marques de Melo, “urge encetar uma campanha conseqüente e bem planejada para suscitar o interesse pela leitura nas crianças e nos adolescentes e para resgatar o gosto da leitura nos adultos que se distanciaram da cultura impressa” (MELO, 1986, p.56-57).



























3.3 Metodologia

3.3.1 Referencial Teórico

Não há sociedade sem comunicação. A Comunicação para o homem, desde o princípio, é a forma de expressão dos seus pensamentos. O domínio da linguagem oral e/ou escrita permite ao indivíduo manter o vínculo com o meio e com seus semelhantes. A história do homem é a história de sua comunicação com os demais; é a história da luta entre as idéias; é o caminhar dos pensamentos. A capacidade de pensar e poder transmitir os pensamentos é tão vital para o homem quanto a sua liberdade física.
A comunicação é, antes de tudo, um direito de cada ser humano. O direito de se comunicar diz respeito ao compartilhamento de informações, à interação com os demais membros da sociedade. No processo de comunicação dialógica não cabe o unidirecionalismo na transmissão das informações, já que desta maneira apenas a ideologia do emissor é manifestada.
Percebe-se amplamente o comportamento unidirecional nos meios tradicionais de comunicação de massa que, para manterem-se hegemônicos, inibem a troca democrática de informações e opiniões. A comunicação dialógica – ao contrário da unidirecional – pressupõe o direito à comunicação, ou seja, que se estabeleça um espaço de ampla participação dos interlocutores no processo. Desta forma, possibilita-se a expressão dos sujeitos a respeito do que lhes foi comunicado, uma vez que não existe uma comunicação efetiva sem trocas.
O direito à comunicação por vezes se confunde com o direito à informação. Deve-se, entretanto, revisar estes conceitos segundo a circunstância atual da circulação circular da informação, já que neste circuito, segundo Bourdieu (1997), a informação trafega num espaço do qual ela não se liberta, servindo, sempre, ao mesmo selecionado grupo detentor do poder de informar, aos guardiões do sigilo.
O direito à informação, requisitado, exigido, evocado pelos proprietários dos meios de comunicação, é recorrente nas discussões sobre liberdade de expressão e liberdade de imprensa. Há que se perguntar, entretanto: liberdade de expressão para quem? Sem que haja enfoque referente ao direito de todos à livre circulação da informação, discute-se, num âmbito restrito, o direito de informar e comunicar. O fato de se dispor de informações veiculadas pelos meios de comunicação de massa não significa que se tenha respeitado o direito do cidadão de se comunicar, ou que ele tenha em algum momento participado ativamente desse processo.
O direito à comunicação é muito mais amplo e implica numa idéia onde o compartilhamento e a troca são necessários. Todos deveriam ter o direito a não apenas receber, mas transmitir informações e pontos de vista. Este direito, na forma como a comunicação tradicional hoje se estrutura, não é garantido à sociedade, o que prejudica a consolidação da democracia e aumenta ainda mais a exclusão social.
Faz-se necessário, dado este contexto, perceber que muitas comunidades estão excluídas do direito à comunicação. Estão silenciadas, opacas, sem poder de expressão. É preciso que haja uma sensibilização por parte dos profissionais de comunicação de que há um público posto à margem, sendo isto resultado da atuação agressiva da mídia, desencadeado pela forma como a comunicação é tratada atualmente.
Segundo Paulo Freire, “o Brasil nasceu e cresceu sem experiência de diálogo. De cabeça baixa, com receio da Coroa. Sem imprensa. Sem relações. Sem escolas. ‘Doente’. Sem fala autêntica” (FREIRE, 1967, p.66). O povo brasileiro não tem experiência de participação, não exercita a capacidade de influir e expressar sua opinião. Desta forma, condena-se a população à marginalização social e política. O fato de a voz popular permanecer muda ocorre porque a população tem castrada a sua potencialidade comunicativa.
O direito à informação e comunicação pressupõe o domínio do código da linguagem, além do acesso aos conteúdos que permitirão produzir mensagens. Portanto, é imprescindível que, para o pleno exercício da cidadania, as pessoas disponham, primeiramente, de acesso à educação. Por isso, não basta que seja assegurada por lei a liberdade de expressão. Faz-se necessário dotar a todos da capacidade de saber, fazer e criar.
A escola permite ao indivíduo adquirir competência para se comunicar e romper com o tradicional silêncio a que estão submetidos os excluídos do direito à educação.

Não possuindo capacitação para expressar-se adequadamente, os novos cidadãos acomodam-se a ouvir e a repetir o que ouvem. Nem comunicam autonomamente, nem se sentem motivados para buscar informação. E conseqüentemente não participam da vida da sociedade, limitando-se a legitimar os que falam e decidem o que os outros devem ouvir e falar. (MELO, 1986, p. 70).

A educação vai além da codificação e decodificação. É preciso educar para que seja possível às pessoas fazerem uma interpretação crítica das mensagens oriundas dos meios de comunicação tradicionais. De nada valeria escolarizar uma maior quantidade de pessoas, se as experiências comunicativas permanecem vinculadas aos padrões alienantes propostos pela mídia atual.
Um das formas de facilitar o acesso da população à informação e construção da informação (visando uma comunicação dialógica) é democratizando a leitura, popularizando o acesso ao livro, jornais impressos, revistas, boletins, etc. A população precisa exercitar a leitura autônoma, baseada numa análise crítica, de forma a poder desvencilhar-se um pouco do “vício da comodidade” cultivado pelos meios audiovisuais, uma vez que grande parte dos conteúdos oferecidos pelos mesmos são compostos por fatos-ônibus, como explica Bourdieu:

Os fatos-ônibius são os fatos que, como se diz, não devem chocar ninguém, que não envolvem disputa, que não dividem, que formam consenso, que interessam a todo mundo, mas de um modo tal que não tocam em nada de importante. (...). ao insistir nas variedades, preenchendo o tempo raro com o vazio, com nada ou quase nada, afastam-se as informações pertinentes que deveria possuir o cidadão para exercer seus direitos democráticos. (BOURDIEU, 1997, p.23-24).

Podemos dizer então que, de um lado, existem aqueles que têm acesso às informações em todos os níveis, ou seja, através de livros, revistas, jornais, rádio, TV, internet, etc., fato que os possibilita construir um repertório mais amplo e ter maior discernimento a respeito das mensagens disseminadas por tais meios. Por outro lado, há aqueles que têm grande parte de sua bagagem cultural formada através das informações fornecidas apenas pelos meios audiovisuais - em especial a televisão - ou seja, quase nada.
Para a democratização do acesso à leitura, porém, existem diversos obstáculos, sendo a pobreza, sem dúvida, o principal deles, já que a maioria excluída não dispõe de recursos para financiar a compra desses bens. Cabe ao Estado o papel de financiador, para garantir que a população tenha acesso à educação e à leitura, financiando programas de educação, além da construção e manutenção de bibliotecas públicas, escolas e universidades.
O PRONERA, por exemplo, é um programa de educação financiado pelo Governo Federal. Através dele permite-se que pessoas historicamente excluídas do processo de ensino e aprendizagem tenham acesso à educação. Cabe, então, a proposta de este público exercitar a sua aprendizagem através de leituras diversas do mundo, como, por exemplo, através da internet, jornais, revistas, livros, rádio, etc. Desta forma, permitir-se-á o desenvolvimento cognitivo e o fomento à criticidade nestes indivíduos, favorecendo o despertar para o exercício pleno da cidadania.
O Programa procura responder à demanda de educação que emerge do público que está à margem, historicamente silenciado. Através dele, os trabalhadores do campo são escolarizados e passam a dispor das “ferramentas” necessárias para a compreensão dos códigos funcionais estabelecidos socialmente (escrita, leitura, cálculo, saberes da sociedade/história e ciências de natureza). Desta forma, essas pessoas passam a ter maiores possibilidades de se posicionar de maneira crítica perante a realidade social.
Segundo Paulo Freire (1979), não é possível a existência de um efetivo compromisso com a realidade e com os homens que nela estão se desta realidade social e destes homens se possui uma consciência ingênua, uma visão superficial. Através da educação, as pessoas tendem a perceber e a se posicionar perante o mundo de maneira mais crítica. Quando o homem compreende a sua realidade, torna-se capaz de levantar hipóteses sobre os desafios, problemas e particularidades dessa realidade e a buscar soluções, transformando-a.
Importante lembrar que a educação não deve ser vista como uma forma de adaptar o indivíduo à sociedade. Ainda de acordo com Paulo Freire (1979), uma educação que tivesse como intuito adaptar o homem estaria acabando com as suas possibilidades de ação e criação. A educação deve estimular a opção, a autenticidade e possibilitar ao homem a sua afirmação enquanto homem.
Os meios de comunicação de massa possuem potencial alienante, porém os sujeitos não podem ser vistos como meros espectadores passivos, que não questionam os conteúdos das mensagens. Eles têm poder de intervir de forma efetiva na seleção dos conteúdos expostos na mídia. Não se pode aceitar mais a hipótese de que a cultura de massa é necessariamente nociva à cultura popular. É necessário combater a visão de que as massas são totalmente manipuladas e integradas ao mundo alienado, o que caracteriza o pensamento tradicional da Escola de Frankfurt.

O que se argumenta é que a consciência popular não é uma estrutura unitária, mas complexa e contraditória. E as contradições devem ser realçadas e não escamoteadas para que se possa superá-las. A missão do estudioso, então, não deve ser a de constatar a hegemonia e render-se a ela, como se fosse totalitária e inescapável. Assim como não deve ser a de refugiar-se em formas de manifestação cultural anteriores a esse tipo de hegemonia (...) valorizando-as romanticamente e tentando preservá-las da contaminação dos atuais meios de legitimação ideológica como que, externamente, o mundo real não tivesse mudado. (SILVA apud MELO, 1980, p.45).

Há o pensamento tradicional de que os meios de comunicação de massa só podem ser usados com propósitos exclusivos de “serventia” à classe dominante, detentora do poder e do uso de tais meios. Porém, existe uma perspectiva diferenciada quanto à prática da comunicação: pensá-la a partir dos públicos e não dos instrumentos em si. Um mesmo instrumento de comunicação (um jornal impresso, por exemplo) pode ser utilizado para diversos fins, através de linguagens e formatos diferentes, a depender do público ao qual se destine.
Os mass media podem estar a serviço dos interesses populares, sendo possível adaptar o uso desses meios a tais demandas e criar um estilo particular. O que se pretende com o jornal institucional do PRONERA/UNEB é justamente reforçar a idéia de que é possível utilizar-se de meios tradicionais de comunicação com uma nova roupagem, que tenha um compromisso ideológico com as classes populares. “Uma sociedade justa dá oportunidade às massas para que tenham opções e não a opção que a elite tem, mas a própria opção das massas. A consciência criadora e comunicativa é democrática” (FREIRE, 1979, p.38).
Faz-se necessária, contudo, a mobilização popular no sentido de expressar seus anseios por uma comunicação mais democrática e participativa. Caso não se explicite esta necessidade premente, a mudança será apenas uma utopia, algo inatingível. Os movimentos populares, representantes legítimos de grupos que estão à margem da sociedade, têm a responsabilidade de atuarem como porta-vozes das principais demandas desses grupos, em especial das que dizem respeito à prática democrática da comunicação e à liberdade de expressão.

Trata-se de conscientizar os cidadãos organizados em núcleos vitais da sociedade civil (igrejas, sindicatos, associações de moradores, clubes de serviço) para que atuem como consumidores ativos, não apenas fruindo o que a indústria cultural põe à sua disposição, mas cobrando e exigindo desse sistema de veiculação da cultura mensagens compatíveis com as suas necessidades de promoção humana e crescimento intelectual. (MELO, 1986, p.77).

Pretende-se construir um jornal impresso para o PRONERA/UNEB que seja elaborado coletivamente, através do envolvimento do público-alvo (os educandos) em todas as fases da montagem do jornal. A co-responsabilidade é um dos princípios que norteiam a produção da publicação. A idéia é a de que este instrumento de comunicação, com viés participativo, possa se adequar à realidade deste público e tratar de temas de interesse direto dos alunos proneristas. “A co-responsabilidade existe quando o público age por se sentir responsável pelo sucesso do projeto, entendendo sua participação como essencial ao todo” (HENRIQUES, 2005, p. 21).
Com este trabalho em conjunto, busca-se promover uma maior união entre os membros do Programa, aumentando o sentimento de pertencimento dessas pessoas em relação ao PRONERA/UNEB. Objetiva-se valorizar a identidade comum, inclusiva, fato que ajudará na expressão do sentimento coletivo. O aluno, ao perceber-se como um membro e ao descobrir o seu potencial de participação neste universo, tenderá a se sentir responsável pelo crescimento e fortalecimento do Programa.
A comunicação que se pretende estabelecer através do jornal pode ser definida como comunitária, pois esta diz respeito a um processo comunicativo que requer o envolvimento das pessoas de uma comunidade (neste caso específico, dos alunos, profissionais e movimentos sociais envolvidos com o PRONERA/UNEB), não apenas como receptores de mensagens, mas como protagonistas, pessoas atuantes, peças fundamentais para o desenvolvimento de todo o processo.
O interesse pela informação manifestado pelas pessoas não diz respeito apenas a questões de âmbito universal e nacional, mas também aos acontecimentos cotidianos frutos das relações sociais mais próximas, próprias da sua comunidade e do meio em que estão inseridas mais diretamente.
O jornal institucional do PRONERA/UNEB tem como um de seus objetivos principais levar aos participantes do Programa mais informações referentes ao próprio Programa, ou seja, informações acerca da realidade na qual estão inseridas essas pessoas e que, muitas vezes, principalmente em virtude da distância geográfica entre as diversas regionais, acabam por não chegar ao conhecimento dos maiores interessados. O intuito é divulgar eventos, atividades desenvolvidas nas diferentes regiões e na sua própria localidade, notícias que normalmente não são obtidas de forma freqüente.
A comunicação comunitária, desenvolvida em base democrática, possibilita o acesso e a partilha do poder de comunicar.

Sob o ponto de vista do direito social, todo cidadão tem direito aos canais de expressão, portanto, à isonomia comunicacional. O direito de isonomia – igualdade no poder de comunicar – conduz a um outro: o de isegoria – o direito do cidadão de se manifestar e de ser ouvido (PERUZZO, 2003, p. 251).

O conceito de cidadania em que se acredita é o que diz respeito à efetiva atuação do cidadão na sociedade, o que não se restringe apenas à idéia dos direitos e deveres. Construir cidadania é também construir novas relações e consciências. A cidadania é algo que não se aprende apenas com os livros, mas com a convivência, na vida social e pública. É no convívio do dia-a-dia que a cidadania é exercitada, através das relações que as pessoas estabelecem umas com as outras, com a coisa pública e com o próprio meio ambiente. A cidadania deve ser perpassada por temáticas como a solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia, a ética.

O direito à comunicação torna-se hoje vital para o exercício da cidadania. [...] A formulação do direito à comunicação, certamente muito mais abrangente que o direito à (livre) informação, e mais que isto sua concretização através da luta política aparecem como condição para democratizar a comunicação e a informação, enquanto campo do poder, e, principalmente, para realizar a própria democracia na sociedade. Sem isto, a cidadania não se atualiza, nem pode ser exercida plenamente na contemporaneidade (RUBIM apud PERUZZO, 2003, p.113).

A educação para a cidadania pode ser auxiliada pela educomunicação, que consiste em se utilizar os meios de comunicação para contribuir no processo de ensino e aprendizagem. Esta prática pressupõe a implementação de ações que favoreçam o relacionamento das pessoas com os meios de comunicação, além de favorecer o uso adequado dos recursos da comunicação com fins educativos.
A Educomunicação congrega fundamentos dos campos da Educação, da Comunicação e de alguns campos das Ciências Sociais, superando, desta forma, as barreiras epistemológicas oriundas dos conceitos iluminista e funcionalista, que mantêm os tradicionais campos do saber isolados em suas “redomas” de conhecimento. A Educomunicação reflete uma interdisciplinaridade que é fundamental, dada a necessidade de constante aprimoramento e adaptação às novas tecnologias da informação.
O Relações Públicas, como um profissional de comunicação, deve estar atento às demandas surgidas nesta área e estar apto a lidar com elas. Espera-se deste profissional que ele possa auxiliar na promoção da comunicação em diversos âmbitos, como o da educação, da saúde e em todos os demais em que se faça necessária a divulgação de informações.
Por ser o PRONERA um Programa de Educação, trabalhar-se-á a comunicação sob uma perspectiva pedagógica, como forma de auxílio às práticas educativas. O trabalho de Relações Públicas que será desenvolvido no PRONERA/UNEB será realizado sob a ótica da educomunicação, pois todo o tempo estará se pensando a comunicação como um recurso auxiliar no processo de aprendizagem dos educandos. Pretende-se também que, através do uso eficaz dos instrumentos de comunicação, haja uma maior socialização e divulgação das ações desenvolvidas pelo Programa, de forma a estimular nos alunos um maior interesse em participar desse processo de ensino e aprendizagem.

É neste quadro de referências que o profissional de Relações Públicas deve prever sua ação. Os fundamentos de seu trabalho, diretamente dirigidos à construção do relacionamento entre instituições e público, podem garantir a livre expressão dos atores e a continuidade de um processo dialógico que deve compor um projeto mobilizador verdadeiramente democrático. Seu objetivo maior será a abertura de um campo de possibilidades, que será tão mais vasto quanto mais se amplie o horizonte ético da mobilização pretendida. (HENRIQUES, 2005, p.30).

A proposta deste trabalho é a de construir um jornal institucional para o PRONERA/UNEB pensando a comunicação de forma integrada. O compromisso da equipe é com o exercício democrático da comunicação, sempre percebendo os alunos como protagonistas das ações desenvolvidas e participantes ativos da construção e fortalecimento do próprio Programa.

3.3.2 Procedimentos Metodológicos

A metodologia proposta pela equipe para a operacionalização do trabalho foi composta por quatro fases, quais sejam: Fase 1 – Conhecimento do PRONERA; Fase 2 – Investigação do Público-Alvo; Fase 3 – Apuração dos Dados Coletados; Fase 4 – Criação do Projeto Editorial e Montagem do Jornal.
Na Fase 1 foi feito um trabalho de coleta de bibliografia e documentos oficiais a respeito do PRONERA Nacional e do PRONERA na UNEB, seguido da leitura dos mesmos. Era fundamental conhecer o Programa como um todo e na UNEB em especial, saber das suas principais atribuições, seu regimento interno, sua filosofia, a metodologia de ensino utilizada, seus princípios norteadores, entre outras características, para que fosse possível pensar em uma proposta de jornal institucional que estivesse em sintonia com a missão, as idéias e os projetos do PRONERA.
A Fase 2 foi composta pela elaboração e aplicação de questionários e a realização de entrevistas, executados com o intuito de se conhecer o público-alvo do PRONERA e de se traçar um perfil do mesmo, condição sine qua non para a criação da linha editorial e a montagem do jornal proposto.
Foram entrevistados membros da Coordenação Central do PRONERA/UNEB; a Pró-Reitora de Extensão da UNEB, professora Gelcivânia Mota; representantes de movimentos sociais e sindicais do campo (CETA e FETAG); as duas Coordenadoras Regionais de Itaberaba, região escolhida para aplicação do projeto piloto do jornal; e a Coordenadora Local de Ipirá, ligada ao movimento CETA. As entrevistas tiveram o intuito de obter informações a respeito do próprio Programa, das vivências e experiências dos entrevistados no cotidiano das atividades desenvolvidas no PRONERA, bem como tiveram o objetivo de se perceber as expectativas destas pessoas acerca da construção de um jornal institucional para o PRONERA/UNEB.
Buscou-se perceber, desta forma, se os entrevistados viam como necessária a criação de um veículo de comunicação institucional para o Programa; se este jornal conseguiria, na opinião deles, promover uma maior integração entre as diversas regiões abarcadas pelo Programa, através de uma maior socialização das atividades desenvolvidas; e verificar quais seriam os principais temas de interesse a serem veiculados neste periódico.
Os questionários foram aplicados apenas com alunos do PRONERA/UNEB participantes do Projeto Pé na Estrada (1ª à 4ª séries) e Educadores do Campo em Formação (Normal de Nível Médio/Magistério), totalizando 13 questionários aplicados. Os questionários foram aplicados durante visita da equipe ao assentamento Dom Mathias, localizado no município de Ipirá (Regional de Itaberaba). Esses questionários tiveram por objetivo traçar um perfil dos alunos proneristas da região, verificar expectativas em relação à criação do jornal, bem como temas que seriam de interesse desse público.
De modo geral, as entrevistas e questionários foram recursos utilizados para se perceber, através da fala desses personagens, qual seria o formato de veículo mais adequado à realidade sócio-cultural do público em questão. Buscou-se a participação de pessoas envolvidas com o Programa na construção do jornal, de forma que elas pudessem se identificar com o produto final, fruto de um trabalho realizado coletivamente.
Na Fase 3, de posse dos questionários já aplicados e da gravação das entrevistas realizadas, foi feito o trabalho de tabulação desses questionários e de transcrição das entrevistas, processo imprescindível para a continuação das atividades.
Na Fase 4 foi elaborado o perfil editorial do jornal, utilizando-se como referência a análise de todos os dados colhidos através das entrevistas, questionários e das leituras iniciais. Com o projeto editorial idealizado, e em posse das informações necessárias, o jornal institucional do PRONERA/UNEB pôde ser, enfim, materializado.


3.4 Análise dos Dados

As entrevistas realizadas e os questionários aplicados foram analisados levando-se em consideração os pontos mais pertinentes ao trabalho que se queria desenvolver (vide apêndices A e B). Para tanto, foram listados e comentados alguns pontos considerados mais relevantes para o entendimento do cenário e da conseqüente adequação da proposta da equipe de construir um jornal institucional para o PRONERA/UNEB.

3.4.1 Análise das Entrevistas

3.4.1.1 Comunicação entre a Coordenação Central e as Regionais

De acordo com os entrevistados, a comunicação entre a Coordenação Central do PRONERA/UNEB – localizada na sede da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade – e as oito regionais onde são desenvolvidas ações do Programa se estabelece através de reuniões, por telefone, fax e internet (com o uso do e-mail e de programas que permitem conversas instantâneas, como o MSN).
De modo geral, percebe-se que a Coordenação Central busca estabelecer um contato freqüente com suas regionais. A escassez de recursos financeiros e a distância física entre as diversas regiões – entre outros fatores – dificultam a realização de encontros mais regulares, fato que se procura amenizar através da utilização de meios que permitem a comunicação à distância.
Um jornal do PRONERA/UNEB seria um instrumento que poderia ampliar as possibilidades de diálogo e trocas entre a instituição e seus públicos de interesse, auxiliando na construção de um relacionamento mais próximo entre essas partes, o que ajudaria no fortalecimento do Programa como um todo.



3.4.1.2 Comunicação entre as Regionais

De maneira geral, os entrevistados disseram que a comunicação entre as regionais acontece durante reuniões, as quais são realizadas esporadicamente. Participam dessas reuniões membros da Coordenação Central, coordenadores regionais e, por vezes, os coordenadores locais ligados aos movimentos.
Foi unânime a colocação de que essa comunicação precisa ser revista e aprimorada. Segundo a Pró-Reitora de Extensão da UNEB, professora Gelcivânia Mota, “este é um ponto falho do Programa. Aliás, o problema da comunicação é o ponto-chave da UNEB”.
Percebe-se, então, que um jornal institucional que veicule notícias e informações sobre atividades desenvolvidas nas regionais pode se constituir em um instrumento útil para auxiliar no processo de comunicação e socialização de experiências, práticas e vivências entre as diferentes regiões participantes do PRONERA/UNEB.

3.4.1.3 Principais demandas dos movimentos sociais

O que os movimentos sociais mais solicitam ao PRONERA/UNEB é a criação de novos cursos, em especial os de nível superior. Cursos de 5ª à 8ª séries também são bastante requisitados. Além dos cursos, existem também outras demandas de ordem prática, a exemplo de questões referentes à infra-estrutura das salas de aula.

3.4.1.4 Forma como os movimentos sociais expõem essas demandas

De acordo com a Pró-Reitora de Extensão da UNEB, professora Gelcivânia Mota, os movimentos sociais expõem as suas demandas “através de um Colegiado Estadual do Programa, recomendado pelo manual do Programa, mas que somente o Estado da Bahia criou. (...) O Colegiado é presidido pela UNEB, MST e INCRA (...) É nesse Colegiado que os movimentos apresentam as demandas, e há uma discussão. Antes, eles apresentam por escrito mediante ofício para a Universidade. A Universidade leva para o Colegiado, onde há uma discussão e, em seguida, uma votação. Por vezes, alguns não são atendidos por perderem no voto”.
Essas demandas também são explicitadas durante reuniões realizadas com lideranças dos movimentos. Além disso, os próprios coordenadores locais – pessoas dos movimentos que mantêm contato direto e freqüente com os coordenadores regionais – são porta-vozes de algumas das necessidades que surgem.
O jornal do PRONERA/UNEB pode servir, dentro deste contexto, como um instrumento auxiliar, do qual podem se utilizar os movimentos sociais para expor as suas demandas dentro do Programa.

3.4.1.5 Atendimento das demandas

Na opinião de todos os entrevistados, o Programa se empenha para atender a todas as demandas dos movimentos sociais. De acordo com a Pró-Reitora de Extensão da UNEB, professora Gelcivânia Mota, “há algumas demandas que a gente precisa refletir com eles. Aí é que entra o papel da Universidade. De um modo geral, todas as demandas são válidas”.
Ao ser indagada se o PRONERA está conseguindo atender às demandas dos movimentos sociais no que diz respeito à uma educação pública, gratuita e de qualidade, a senhora Vanda Galvino, coordenadora de políticas sociais da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia (FETAG-BA), disse que o Programa está contribuindo, mas que ainda não atende totalmente a essas demandas. Ela aponta como principais motivos para o não atendimento integral das demandas, questões relacionadas às condições de recursos humanos e infra-estrutura das Universidades. Além disso, ela comenta que alguns Departamentos não aceitam o PRONERA, e destaca que “(...) antes de indicar uma demanda, a gente precisa ter um casamento com esses Departamentos, para sensibilizar da importância (...) então, talvez eu acho que venha até dessa questão da divulgação, da comunicação mesmo”.
A construção de um periódico – jornal ou revista – para o Programa foi uma solicitação feita pelos movimentos sociais e sindicais durante o I Seminário de Avaliação do PRONERA/UNEB, realizado em Salvador no dia 07 de maio de 2003. Visando atender à essa demanda específica, a equipe se engajou na construção de um jornal institucional para o PRONERA/UNEB, que terá como uma de suas principais missões a de promover uma maior divulgação do Programa junto aos seus públicos de interesse (alunos proneristas, movimentos sociais e sindicais do campo, professores e alunos envolvidos nas ações educativas, INCRA), bem como junto à própria comunidade universitária da UNEB.

3.4.1.6 A multicampia da UNEB

O fato de a UNEB ser multicampi é visto pelos entrevistados como um de seus pontos fortes. A professora Maeve Mascarenhas, uma das coordenadoras regionais de Itaberaba, comenta que “talvez as dificuldades de ser multicampi acabe sendo a grande força (...) então a gente tem que pensar nos dois caminhos: será que se só tivesse aqui teria essa maravilha que é essa diversidade de trabalhar com tantos movimentos, em tantos locais? (...) Então acaba sendo o motor que faz a UNEB ser UNEB”.
A multicampia facilita a operacionalização e o acompanhamento das atividades, e é um dos fatores responsáveis pela grande riqueza do PRONERA/UNEB. Na opinião da Pró-Reitora de Extensão da UNEB, professora Gelcivânia Mota, “se não fosse multicampi não teríamos o projeto que temos hoje (...) Além disso, o fato de você estar ali naquela região lhe dá um conhecimento das demandas daquela área, do contexto da área, como se dão as relações políticas, enfim, a multicampia é muito salutar. Permite ficar muito próximo do sujeito que você está acompanhando”.

3.4.1.7 Ampliação e Dinamização do Fluxo de Informações

Existe uma necessidade premente de ampliação e dinamização do fluxo de informações que surgem dentro do Programa, para que seja possível promover uma maior integração entre os seus participantes e propiciar a eles um maior conhecimento a respeito do universo no qual estão inseridos, fato que auxiliará no fortalecimento do vínculo entre a instituição e seus públicos de interesse.
Os entrevistados explicitaram a dificuldade existente na circulação e socialização de informações dentro do Programa. Segundo a senhora Joseane Batista, coordenadora administrativo-financeira do PRONERA/UNEB, “tem pessoas dentro dos Departamentos que o PRONERA acontece e as pessoas não sabem nem o que é. Aqui no Campus I, se você for ver, tem pessoas que não sabem o que é o PRONERA, não sabem nem o que é a sigla. Então precisaria ver uma forma de facilitar essa chegada do PRONERA. Porque tem ações, o que a gente mais tem são ações, mas não tem divulgação”.

3.4.1.8 Utilidade de um jornal para o PRONERA/UNEB

Foi unânime a opinião dos entrevistados quanto à utilidade que um jornal institucional teria para o PRONERA/UNEB. Na opinião deles, além de se constituir em uma fonte de informações sobre o próprio Programa, esse jornal também poderia auxiliar no processo de conscientização dos alunos acerca dos problemas cotidianos, bem como poderia ser útil para estimular nos educandos a adoção de uma postura crítica perante a realidade social.
A professora Maeve Mascarenhas, uma das coordenadoras regionais de Itaberaba, diz que “é toda uma história de alienação que a gente tem, e pra fugir disso é muito difícil. Tem toda uma questão de conscientização, de reflexão, que tem que ser construída em todas as instâncias. Então eu acho que um jornal teria essas funções (...) a gente tá tentando fazer o caminho inverso da lógica da educação formal no Brasil”.

3.4.1.9 O jornal como um meio para dinamizar e facilitar o fluxo de informações dentro do Programa

O jornal é visto como um meio capaz de contribuir decisivamente na dinamização e facilitação do fluxo de informações dentro do Programa.
É um veículo de comunicação que poderá ter fácil penetração nas oito regionais onde o Programa atua, além de ser de fácil manuseio e leitura. Na opinião de Mário Cezar Cruz, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ipirá, “pode ser o melhor porque internet não é todo mundo que tem acesso. O vídeo também é muito bom, mas a estrutura pra você fazer isso ainda não é todo assentamento, acampamento que pode fazer; e o jornal você traz e distribui, faz leitura em sala de aula (...) então vai ser um livro que vai pra sala de aula”.

3.4.1.10 Auxílio na formação dos alunos

Segundo os entrevistados, o jornal tem potencial para auxiliar no processo de formação e educação dos alunos proneristas. Através do estímulo à leitura e de uma linha editorial que propicie aos alunos a reflexão e um maior conhecimento do mundo e da realidade social, este veículo de comunicação pretende se constituir em um aliado dos educandos nesse processo de aprendizagem e de construção de sua cidadania.

3.4.1.11 Periodicidade e Forma de Distribuição

Quanto à periodicidade, alguns não deram sugestão e os que emitiram opinião foram favoráveis a uma periodicidade mensal ou bimestral, de forma a possibilitar a construção de um jornal com conteúdo consistente e bem elaborado.
Alguns dos entrevistados sugeriram que o jornal fosse encaminhado para as regionais e deixados sob a responsabilidade dos coordenadores regionais, os quais ficariam encarregados da distribuição dos exemplares nas áreas abarcadas pela regional sob sua coordenação.
Outra sugestão dada foi a de deixar a distribuição a cargo dos movimentos sociais, que receberiam os jornais e ficariam com a missão de distribuí-los nos seus assentamentos e acampamentos.
Foi sugerido que o jornal seja distribuído em todos os Departamentos da UNEB, mesmo naqueles onde o Programa não funciona. Levá-lo ao conhecimento do INCRA também foi uma proposta. Isso mostra o quanto é do interesse da instituição e de seus parceiros que o PRONERA se torne mais acessível a todos, o que certamente contribuirá para o fortalecimento da sua imagem.

3.4.1.12 Sugestões de Temas a serem tratados no Jornal

A Educação no e do Campo, a Reforma Agrária, bem como informações gerais sobre atividades desenvolvidas pelo Programa nas oito regionais foram as sugestões mais recorrentes.

3.4.2 Análise dos questionários

Os questionários foram aplicados com 13 alunos do PRONERA/UNEB no município de Ipirá (assentamento Dom Mathias). Este município pertence à Regional de Itaberaba, uma das oito regionais que trabalham com o Programa na Bahia.

3.4.2.1 Dados gerais sobre os alunos

• Das 13 pessoas abordadas, 5 eram mulheres e 8 eram homens.
• Apenas duas das pessoas que responderam aos questionários cursavam o ensino médio; os demais ainda estavam cursando a escolarização de 1ª à 4ª séries.
• Trata-se de um público com média de idade de 44 anos, tendo o aluno mais novo 20 anos e o mais velho 64 anos.

Faixa etária dos entrevistados
Idade
Freqüência Percentual
20 A 29 1 7,7
30 A 39 4 30,8
40 A 49 4 30,8
60 A 69 4 30,8
Total 13 100,0

• A grande parte dos alunos, 76% deles, são casados. Dentre os casados, todos possuem filhos.
• De todos os alunos abordados, apenas um não tinha filhos. Tem-se uma média 4 filhos por pessoa.
• Os pais das pessoas entrevistadas não tinham escolaridade ou possuíam apenas a alfabetização.

3.4.2.2 Sobre a relação dos alunos com o PRONERA/UNEB

• 100% dos alunos da escolarização de 1ª à 4.ª séries não sabiam o que era o PRONERA. A maioria desses alunos sabe apenas a respeito do Pé na Estrada, que é o projeto do qual participam. Os alunos do ensino médio abordados, entretanto, sabiam do que se tratava o Programa;
• Todas as 11 pessoas do projeto de escolarização de 1ª à 4ª séries só vieram a conhecer o projeto quando chagaram ao assentamento Dom Mathias;
• Os alunos se dizem satisfeitos com o projeto. Na opinião de 84,6 % das pessoas abordadas, o projeto atende às expectativas do seu público;
• Todos os alunos consideraram o projeto muito importante para suas vidas;
• Todos os educandos disseram que os assuntos aprendidos em sala de aula têm serventia prática, principalmente o cálculo e a leitura.

3.4.2.3 Sobre a comunicação realizada dentro do Programa

• Aproximadamente 84,6% dos alunos comentam que desconhecem as atividades educativas desenvolvidas em outras em outras regionais do PRONERA/UNEB.
• As pessoas que têm conhecimento de outras práticas realizadas pelo Programa, em geral, citam a implantação do curso de nível superior em Pedagogia da Terra.
• 92,3% dos alunos afirmam que não é comum se ter notícias das atividades desenvolvidas em outras regiões do Estado.

É freqüente obter notícias de outras regionais?

Resposta Freqüência Percentual
SIM 1 7,7
NÃO 12 92,3
Total 13 100,0

• Dos alunos, 61,53% disseram que a comunicação do Programa deve melhorar, que não estão satisfeitos; 23,07% disseram que nunca pensaram a respeito; e 15,4% afirmaram que a comunicação estabelecida dentro do Programa é satisfatória.

3.4.2.4 Interação do aluno com os meios de comunicação de massa

• 76,92% das pessoas citaram que o rádio é um dos meios que mais utilizam para ter conhecimento dos fatos da atualidade;
• As pessoas também têm acesso às informações da atualidade de outros veículos de comunicação. O rádio foi o meio mais citado, mas, juntamente com ele, as pessoas utilizam, para ter acesso às notícias atuais, a conversa entre amigos, a televisão e o jornal.

3.4.2.5 Sobre um jornal para o PRONERA/UNEB

• Todas as pessoas abordadas caracterizaram como muito importante a leitura de um jornal impresso pra se ter informações e notícias do mundo;
• 100% dos alunos informaram que gostariam que o PRONERA/UNEB tivesse um jornal próprio;
• Os temas mais sugeridos pelos alunos para serem tratados no jornal foram, respectivamente: Reforma Agrária, educação do campo, política e atividades desenvolvidas nos assentamentos.

3.4.3 Considerações sobre os dados apresentados pela análise dos questionários e impressões da equipe sobre a visita ao Assentamento Dom Mathias

A maioria dos alunos do assentamento Dom Mathias, em Ipirá, são pais e mães de família, cujos filhos também moram e estudam neste assentamento. Apesar de o PRONERA estar voltado para a educação de jovens e adultos (o que não abarca o público infantil) existem, nos assentamentos, pessoas que já se escolarizaram através do Programa e que são responsáveis por iniciar as crianças na alfabetização.
Os pais desses alunos, entretanto, participaram de uma realidade de exclusão social e não tiveram acesso à educação. Poucos foram os alunos que disseram ter pais escolarizados.
Esses alunos demonstraram, ao responder aos questionários, que têm um vínculo afetivo muito grande com o projeto no qual estão inseridos. Falavam do projeto com carinho e pareciam estar orgulhosos como fato de estarem estudando. Os alunos do assentamento têm suas aulas à noite, das 19h às 22h. Apesar do horário, e de já terem exercido outras atividades durante o dia, os alunos freqüentam as aulas com interesse e dizem se esforçar para não faltá-las.
De forma geral, os alunos de Dom Mathias não sabem o que é o PRONERA. Houve uma grande dificuldade em aplicar os questionários na localidade, já que o objetivo maior era saber se os alunos estavam satisfeitos com a comunicação do Programa, e se seria viável a proposta de um jornal impresso para ele. Como não sabiam o que era o PRONERA, houve a necessidade de explicar do que se tratava o Programa e relacioná-lo ao projeto Pé na Estrada (ao qual se remetiam freqüentemente).
Feitos os devidos ajustes na formulação das perguntas e explicando metodicamente cada uma delas, tornou-se possível a aplicação dos referidos questionários. Logo que se iniciou a aplicação dos questionários, os alunos mostraram-se um pouco inibidos, mas como o decorrer do tempo, ficaram mais à vontade.
O fato de os alunos não conhecerem o Programa do qual fazem parte demonstra a fragilidade da comunicação do PRONERA/UNEB com o seu público. Torna-se difícil a criação de uma identidade comum, pois a maioria dos alunos desconhecem o universo do qual participam, e no qual também estão inseridas outras pessoas em processo de escolarização e luta pela Reforma Agrária.
Além de a maioria dos alunos desconhecerem a instituição PRONERA, muitos também não têm acesso a informações referentes a atividades desenvolvidas pelo Programa nas demais regionais. Os alunos sugerem, então, que seja revista a comunicação estabelecida entre o PRONERA/UNEB e os seus beneficiados. Eles acham que a comunicação poderia melhorar e manifestam-se insatisfeitos.
O meio mais utilizado pelos alunos para obter informações e notícias da atualidade é o rádio. Esse aparelho é carregado por baterias e é portátil, não precisa de energia elétrica, não é caro e pode ser facilmente transportado. Dadas às condições dos assentamentos hoje (poucos são aqueles que dispõe de recursos como água e energia elétrica), o rádio acaba por se tornar o mais acessível meio de comunicação, utilizado pelos alunos para fins de entretenimento e informação.
Os alunos manifestam, contudo, o interesse pela leitura de materiais impressos, mas como os assentamentos nem sempre estão próximo às cidades, é difícil para seus moradores o acesso a uma fonte formal de informação impressa: jornais, revistas ou livros.
A proposta de se elaborar um jornal impresso para o PRONERA/UNEB foi bem aceita pelos alunos. Os jornais distribuídos, gratuitamente, trariam para os alunos informações diversas sobre a atualidade, Reforma Agrária, educação do campo e demais temas de interesse. Evitar-se-ía o deslocamento dos proneristas aos grandes centros, além de possíveis gastos financeiros por parte dos alunos.
Como 100% dos alunos disseram ter interesse na publicação de um jornal impresso para o PRONERA/UNEB, torna-se justificável a produção de um jornal institucional para o Programa. Tal proposta facilitaria o acesso dos alunos à informação e poderia estimular neles o exercício da leitura.










4 O JORNAL

4.1 Público-Alvo

Alunos do PRONERA/UNEB (Jovens e adultos moradores de assentamentos e/ou acampamentos de Reforma Agrária).

4.2 Objetivos

O jornal institucional do PRONERA/UNEB (vide apêndice C) terá como principais objetivos:

1) Promover uma maior integração entre os participantes do PRONERA/UNEB, através de uma maior socialização de práticas, experiências, atividades e ações desenvolvidas nas diferentes regiões abarcadas pelo Programa;
2) Dinamizar o fluxo de informações que surgem dentro do Programa;
3) Sistematizar um arquivo com o registro das principais atividades desenvolvidas pelo PRONERA na UNEB;
4) Auxiliar no fortalecimento do vínculo entre a instituição PRONERA/UNEB e seus públicos de interesse, através de uma maior divulgação das atividades desenvolvidas pelo Programa.

4.3 Periodicidade e Tiragem

Pretende-se que o Jornal “EM CAMPO” tenha periodicidade bimestral, com seis edições por ano. Este seria o intervalo ideal entre uma edição e outra, permitindo às Redações Locais a realização de um amplo e acurado processo de coleta de dados e informações, bem como a redação dos textos e o envio à Redação Central, a revisão dos mesmos pelo jornalista responsável e todo o trabalho de montagem gráfica. A tiragem inicial estimada para o número 1 será de 3.000 exemplares.
4.4 Proposta do Departamento de Comunicação para o PRONERA/UNEB (PRONECOM)

O PRONECOM consiste em uma proposta de um Departamento de Comunicação, que foi idealizado para fazer parte da estrutura administrativa do PRONERA na UNEB, estando hierarquicamente subordinado à sua Coordenação Central. Trata-se de um projeto inicial, que serve ao processo de implementação do projeto-piloto do jornal, através do qual, posteriormente, avaliar-se-á sua viabilidade. Este Departamento de Comunicação foi pensado para ser o órgão responsável pela comunicação entre o PRONERA/UNEB e os seus públicos (alunos proneristas, movimentos sociais e sindicais do campo, professores da Universidade vinculados ao PRONERA, alunos da UNEB bolsistas do Programa e o INCRA). O PRONECOM terá as seguintes funções: planejar e colocar em prática estratégias de comunicação que facilitem e dinamizem o fluxo de informações entre os participantes do Programa; fortalecer o elo entre a instituição e seus públicos de interesse, através da idealização e implementação de ações de comunicação que permitam uma maior divulgação das atividades desenvolvidas pelo Programa junto a esses públicos; viabilizar uma maior divulgação do PRONERA dentro da Universidade (e até mesmo fora dela); cuidar para que haja uma maior fluidez, eficácia e eficiência na comunicação interna, ou seja, na que se estabelece na própria Coordenação Central. Além disso, o PRONECOM será o órgão responsável pela confecção do jornal institucional do PRONERA/UNEB.
A idéia é a de que este Departamento fique sob a coordenação de um relações públicas, pois acredita-se que este profissional seja o mais habilitado para servir como mediador das relações entre a instituição e seus públicos, contribuindo para o fortalecimento do vínculo entre eles. O relações públicas é visto pela equipe como o profissional mais capacitado para pensar e colocar em prática ações de comunicação que possibilitem uma maior divulgação do PRONERA/UNEB junto aos seus públicos de interesse e, até mesmo, para além dos “muros” da Universidade do Estado da Bahia.
O Organograma (vide apêndice D) demonstra que a estrutura do PRONECOM será constituída de um Setor Editorial e um Setor Operacional. O Setor Editorial será dividido em duas partes: Educação e Redação. À Educação caberá a confecção de um encarte, pensado para auxiliar no processo de formação dos alunos. Este encarte aprofundará temas que sejam de interesse dos educandos e sugeridos por eles, bem como levantará discussões a respeito de assuntos importantes da atualidade, que tenham afinidade e estejam adequados à realidade sócio-cultural do campo. A Redação ficará responsável pela revisão dos textos produzidos nas Redações Locais, pela elaboração de algumas matérias, e também pela seleção do material a ser publicado.
A Redação Local será a “ponte” entre o Setor Editorial e as comunidades assentadas e acampadas. Ao todo serão oito Redações Locais, sendo uma para cada Regional do PRONERA/UNEB. Elas serão compostas por uma espécie de “equipe de reportagem”, formada por um coordenador – professor da UNEB – e alguns alunos universitários bolsistas do Programa (o número de alunos vai depender da Regional). A função do professor vai ser somente a de coordenar o trabalho dos estagiários, os quais exercerão a função de repórteres, indo em busca de informações e notícias nos diversos municípios abarcados pela Regional em que estiverem “lotados”. A idéia é a de que o coordenador desse grupo de estagiários seja o próprio coordenador regional e que esses estagiários sejam alunos universitários já envolvidos com o Programa, por se tratar de pessoas que já conhecem o PRONERA, suas atividades, peculiaridades e por já estarem inseridos neste contexto.
Importante destacar que este jornal institucional busca ser um veículo participativo, onde a “voz” do público-alvo, suas demandas e interesses serão ouvidos e terão espaço para serem publicados no jornal. A intenção é a de que este jornal seja construído a cada nova edição com o auxílio e participação dos educandos, através da proposição de pautas, novas seções e até mesmo novas editorias (bem como alterações e/ou supressão das já existentes).
O Setor Operacional cuidará das questões referentes à parte gráfica do jornal. A princípio a idéia é a de que não exista um profissional fixo neste setor, podendo-se contratar um especialista apenas para a execução de serviços pontuais. Como a intenção é a de que o jornal seja bimestral, essa seria aproximadamente a freqüência com que se necessitaria desse tipo de serviço.
O Fluxograma (vide apêndice E) mostra como acontece o fluxo das informações dentro da estrutura de funcionamento do PRONECOM. Como parte do Sistema de Comunicação do PRONERA na UNEB, esse Departamento de Comunicação deve ter todas as suas partes constituintes cumprindo com as suas funções e trabalhando de maneira sincronizada, de forma a manter o equilíbrio e a harmonia de todo o sistema.

4.5 A idéia “EM CAMPO”

Durante a realização das entrevistas e aplicação dos questionários, a equipe solicitou que as pessoas em questão sugerissem um nome (ou mais de um) para o jornal institucional do PRONERA/UNEB. Muitas pessoas não se manifestaram, outras fizeram uma ou mais de uma sugestão. Alguns dos nomes indicados foram: Pé na Floresta, Reforma Agrária, Jornal Agropastoril, Reforme, União PRONERA, O Futuro, Incandescente, PRONERA Interativo, PRONERA Informa, Semeando Informação e Informar é Preciso. Apesar de nenhum dos nomes sugeridos ter sido o escolhido, a equipe procurou contemplar uma sugestão dos alunos e entrevistados no que diz respeito à inclusão da palavra “campo” no nome do jornal. Alguns dos nomes indicados, como PRONERA Interativo e Reforma Agrária foram aproveitados como nomes de algumas das editorias e seções do periódico.
O nome escolhido foi o “EM CAMPO”, expressão que sugere o próprio processo de busca e coleta de informações junto às comunidades assentadas e acampadas. Os “repórteres” das Redações Locais estarão em campo, interagindo com os alunos proneristas, visitando diferentes localidades em busca de personagens interessantes, notícias e fatos importantes para serem veiculados no jornal.
Além disso, em virtude de o público-alvo deste Jornal ser constituído por jovens e adultos moradores de assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária, este periódico terá como área de circulação o próprio campo, ou seja, ele estará em campo.





4.6 Projeto Editorial

4.6.1 PRONERA Institucional

Por ser um instrumento de comunicação do PRONERA/UNEB com suas regionais, alunos e com os movimentos sociais do campo participantes do Programa, o jornal deve reservar uma parte exclusivamente para divulgar informações a respeito do andamento das atividades desenvolvidas pelo Programa, principais dificuldades encontradas, avanços, tendências e projeções. Esta editoria representa a fala formal da instituição. É o local onde a Coordenação do PRONERA/UNEB apresentará seus principais projetos, poderá comentar temas da atualidade e assuntos que fazem parte do elenco de matérias do jornal. O objetivo é estabelecer um diálogo entre a Coordenação Central do PRONERA/UNEB e o público leitor, e para isso é fundamental a criação de um espaço aberto à participação de todos os grupos, através da construção coletiva deste jornal. Pretende-se aumentar o sentimento de pertença dos alunos em relação ao Programa e criar um vínculo, um elo mais estreito entre os educandos e a instituição.

4.6.1.1 Editorial Coordenação

Esta seção está reservada à fala institucional, expressa através de texto escrito pela coordenação do PRONERA/UNEB. Justifica-se a existência desta seção pela necessidade de o jornal possuir uma “voz” autorizada que defina a sua “personalidade”, que possa fazer com que o leitor conheça a postura assumida pelo veículo – e, conseqüentemente, por aqueles responsáveis pela sua criação – perante à realidade, situando-o em relação aos conteúdos com os quais ele vai se deparar ao longo da leitura do jornal.




4.6.1.2 PRONERA Interativo

Esta seção destina-se a apresentar ao público leitor as principais atividades executadas pelo PRONERA na UNEB. O intuito é fazer com que as pessoas que já participam das atividades promovidas pelo Programa possam adquirir conhecimentos mais aprofundados em relação aos projetos em andamento nas diferentes regionais, demandas de novos cursos, número de alunos atendidos, metas, resultados obtidos, entre outras coisas. Pretende-se com isso fazer com que aqueles que já estão engajados no Programa conheçam melhor o universo no qual estão inseridos e a sua posição e papel dentro dele.

4.7 Educação do Campo

Durante a aplicação dos questionários no assentamento “Dom Mathias” os estudantes demonstraram interesse em conhecer as principais experiências e iniciativas realizadas nesta área, bem como apontaram a necessidade de o jornal veicular discussões e debates nacionais a respeito do tema, fato que justifica a existência desta editoria.

4.7.1 Educação do Campo no Brasil

Esta seção apresentará notícias nacionais de destaque a respeito do tema e aprofundará discussões sobre como vem sendo conduzida a Educação do Campo no Brasil. Por se tratar de um Programa que desenvolve ações educativas em assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária, ou seja, no campo, esse tipo de educação é uma realidade vivida diariamente pelos alunos do PRONERA/UNEB. Por isso torna-se importante situá-los em relação aos principais debates, perspectivas, orientações e experiências que estão sendo realizadas nesta área da educação, a nível nacional.




4.8 Reforma Agrária

Como os educandos são jovens e adultos assentados e/ou acampados de áreas de Reforma Agrária, pertencentes a movimentos sociais do campo, reservar um espaço no jornal para aprofundar o debate sobre o tema, destacando as principais discussões a respeito do assunto, as perspectivas, os obstáculos e avanços nesta luta, faz-se imprescindível. Esta foi uma editoria amplamente sugerida pelos alunos quando da aplicação dos questionários no assentamento “Dom Mathias”. Dos 13 alunos que responderam aos questionários, 8 apontaram a Reforma Agrária como tema de interesse para a leitura.

4.8.1 Reforma Agrária no Brasil

Esta seção apresentará notícias nacionais de destaque a respeito do tema e aprofundará discussões a respeito da Reforma Agrária no Brasil, com o objetivo de munir os alunos de mais informações a respeito da condução da luta por uma Reforma Agrária no país e das medidas que estão sendo tomadas pelos órgãos competentes para que ela seja viabilizada e possa se expandir. Pretende-se com isso suscitar debates, discussões e instigar os estudantes a adotarem uma postura crítica perante a realidade.

4.9 Regionais

Esta editoria ficará responsável por veicular notícias e informações a respeito das atividades realizadas nas oito regionais abarcadas pelo PRONERA/UNEB, buscando, com isso, promover uma maior integração entre as diferentes regiões através da dinamização do fluxo de informações que surgem dentro do Programa. Desta forma, pretende-se que o jornal sirva como um meio para socializar aprendizados, vivências e práticas que por vezes ficam limitadas e restritas a cada regional, em especial devido à distância física entre as mesmas. Além disso, esta editoria busca divulgar as principais características de cidades e regiões do Estado da Bahia que façam parte do PRONERA/UNEB, com o intuito de que os alunos possam ter uma idéia da diversidade e riqueza das regiões onde o Programa atua, fato que contribuirá também para o aumento da cultura geral dos educandos.

4.9.1 Notícias Regionais

Seção que conterá informações a respeito das principais atividades realizadas nas oito regionais abarcadas pelo Programa, com o intuito principal de socializar experiências e aumentar o nível de integração entre essas diferentes regiões. Com uma maior fluidez de informações e união entre as partes, espera-se fortalecer o PRONERA/UNEB como um todo.

4.9.2 Minha Terra

Esta seção dá destaque a uma cidade ou região do Estado da Bahia que faça parte do PRONERA/UNEB, ressaltando dados gerais sobre a origem, localização, economia, cultura, população, etc. O objetivo é fazer com que os alunos do PRONERA/UNEB possam ter uma idéia das características principais das mais diversas regiões nas quais o Programa atua e que, dessa forma, possam ter uma noção mais clara da amplitude e diversidade de áreas atendidas pelo Programa. Além disso, acredita-se que os habitantes da cidade ou região que entrar em pauta, ou seja, que for o alvo dos olhares e atenções daquela edição específica do jornal, sentirão orgulho de pertencerem e viverem naquele local, bem como se sentirão satisfeitos e motivados por também fazerem parte do PRONERA/UNEB.

4.10 Fique Sabendo

Pode ser classificada como uma editoria com um viés de entretenimento, que procura trazer uma parte lúdica ao periódico, tornando-o mais divertido e interessante para o público leitor. O intuito é o de fazer com que este jornal não seja apenas uma folha de notícias, mas que também possa ser um local onde os alunos possam obter informações e adquirir conhecimentos com um “toque” de leveza e um menor grau de seriedade e formalidade (o que não significa falta de comprometimento com a verdade).

4.10.1 Curiosidades

Destaca um tema que seja do interesse do público leitor e, de preferência, sugerido pelos próprios alunos. O tema será livre e poderá tratar sobre lazer, cultura, folclore, esporte, arte, etc, permitindo aos educandos participarem ativamente do processo de construção do jornal.

4.10.2 Rapidinhas

São notícias curtas, destaques sobre eventos ocorridos nas regionais, na própria Coordenação Central e a nível nacional e internacional, datas comemorativas, entre outras informações que se julgue de interesse dos alunos. Nesta seção pretende-se fornecer aos leitores notícias rápidas, de leitura fácil e sem grande aprofundamento, com o objetivo de ampliar a cultura geral dos alunos, fornecendo-lhes informações variadas sobre temas afetos à sua realidade. Trata-se de poder atender às notícias enviadas das Redações Locais até o último momento, sendo que algumas destas “rapidinhas” merecerão aprofundamento em edições posteriores.

4.11 Tirinhas Animadas

As “tirinhas animadas” são pequenas ilustrações que contam uma história, que visam transmitir uma determinada mensagem (elas podem ou não conter pequenos “balões” de diálogo). Essas “tirinhas” têm o objetivo de ajudar os alunos na sua formação, proporcionando uma forma de interpretação e compreensão de texto que é também visual. Além de entreter, as “tirinhas” se propõem a trazer para os estudantes mensagens positivas e de estímulo à reflexão sobre assuntos importantes da atualidade.

4.12 Encarte Educar

Além de levar informações variadas aos alunos do PRONERA/UNEB e de promover uma maior integração das regionais entre si, através da dinamização do fluxo de informações entre as mesmas, o jornal EM CAMPO também pretende auxiliar na formação desses estudantes, estimulando a conscientização acerca dos problemas cotidianos e proporcionando um maior conhecimento a respeito do mundo e da realidade social. Foi motivado por esse desejo que a equipe idealizou a criação do encarte EDUCAR.
Serão discutidos temas de relevância para o público, que serão sugeridos pelos próprios alunos ou propostos pela parte de Educação do Setor Editorial do Departamento de Comunicação do PRONERA/UNEB (PRONECOM). Os assuntos demandados serão investigados e aprofundados. Na tentativa de ampliar ao máximo as fontes para discussão do assunto escolhido, também serão feitas entrevistas com profissionais especialistas que tenham autoridade em falar sobre o tema proposto, de forma que os alunos possam, através da leitura destes textos, ampliar seu conhecimento do mundo e sua bagagem cultural, fato que auxiliará na adoção de uma postura crítica perante a realidade social.















4.13 Quadro de Funcionários do PRONECOM

Coordenação do PRONECOM: Um profissional de Relações Públicas, com regime de trabalho de 8h/dia (40h/semana).

Setor Editorial:

• Educação: Um pedagogo, com horário de trabalho flexível (a idéia é a de que este pedagogo seja um professor que já faça parte da Coordenação Central, a exemplo das professoras Gilsélia Freitas e Sandra Araújo); Um estagiário de pedagogia, com regime de trabalho de 4h/dia (20h/semana).
• Redação: Um jornalista (a proposta é a de que a jornalista responsável seja a orientadora deste Trabalho de Conclusão de Curso, a professora Cida Ferraz); Dois estagiários de comunicação, cada um com regime de trabalho de 4h/dia (20h/semana), ficando um no turno matutino e o outro no turno vespertino.

Setor Operacional: Um profissional de designer, freelancer, contratado para prestação de serviços pontuais (bimestralmente).













4.14 Orçamento

O orçamento que segue refere-se ao valor estimado que será gasto com o pagamento de funcionários e com a confecção do jornal EM CAMPO. Foi tomado como referência para este cálculo 3.000 exemplares do jornal em formato A4, impressão off-set em papel comum (gramatura ofício), com oito páginas coloridas. Foi realizado o levantamento de preços para impressão do jornal junto às gráficas JM, Pressgraf e P e A Gráfica e Editora, tendo apresentado o menor orçamento a gráfica Pressgraf (vide anexo D).

Recursos Humanos
Nº Descrição Custo R$
01 Relações Públicas 1.000,00
01 Jornalista -
01 Pedagogo -
01 Designer 250,00
02 Estagiários de Comunicação 480,00
01 Estagiário de Pedagogia 240,00
Recursos Materiais
Nº Infra – Estrutura Física Materiais/ Equipamentos Custo R$
01 Gráfica Pressgraf Confecção de 3.000 exemplares do jornal 1.200,00
Total - - 3.170,00








4.15 Proposta de Avaliação do Jornal

O jornal “EM CAMPO” tem como objetivos divulgar notícias institucionais sobre o PRONERA/UNEB, trazer para os alunos informações sobre Reforma Agrária, Educação do Campo e temas da atualidade. Além de ser um jornal informativo, ele também busca veicular assuntos de caráter lúdico e de entretenimento, contribuindo para aumentar a cultura geral dos alunos. Para ser executada a proposta do jornal, procurou-se, ao máximo, atender às expectativas dos alunos e dos profissionais que participam do Programa. Desde o início, buscou-se a participação do público na formação do jornal, sendo todo ele montado de acordo com as suas principais sugestões.
Pretende-se que a participação dos alunos e profissionais que trabalham com o PRONERA na UNEB seja contínua e que não termine neste primeiro momento – que foi o de montagem da proposta do jornal. Deseja-se que a avaliação do jornal piloto também seja executada com o auxílio dessas pessoas, de forma que sejam ouvidas diversas opiniões e sugestões para adaptação dos conteúdos e aprimoramento do jornal.
O Jornal “EM CAMPO” será avaliado em duas etapas:

1. Reunião com representantes da Coordenação Central do PRONERA/UNEB e com a Pró-Reitora de Extensão desta Universidade, professora Gelcivânia Mota, para avaliação do jornal enquanto um veículo de comunicação institucional para o Programa;

2. Formação de um grupo focal com alunos, professores e coordenadores locais da Regional de Itaberaba, para verificação da aceitação do jornal junto a este público.

A primeira etapa de avaliação será realizada em reunião com os principais representantes do Programa na UNEB, Campus I. Busca-se, com este encontro, perceber em que medida o jornal atendeu ao que era previsto por esta coordenação, verificar seu potencial como veículo de comunicação institucional, analisar o conteúdo dos textos, montagem gráfica, disposição das matérias, relevância das editorias e seções etc, além de ouvir as principais sugestões de modificação para o jornal.
Para a segunda etapa, propõe-se que o jornal seja distribuído gratuitamente às pessoas que foram entrevistadas e àquelas que responderam aos questionários aplicados no município de Ipirá. A proposta é a de que, após a leitura do jornal, realize-se uma reunião em grupo, com parte dos leitores, para que se avalie, assim como será feito com a coordenação, toda a estrutura do jornal: conteúdo dos textos, montagem gráfica, disposição das matérias, relevância das editorias e seções etc.
Para a avaliação através do grupo focal será necessário um planejamento de ações que envolverá: verificar a quantidade ideal de pessoas para a montagem do grupo focal; selecionar as pessoas que farão parte deste grupo, estando atento à participação tanto dos alunos quanto dos professores e coordenadores da Regional de Itaberaba; escolher a data, o local e o horário para a realização desta reunião; reservar gravadores e/ou filmadoras, entre outras ações.
Após esta avaliação participativa será feito um relatório com as principais modificações sugeridas nestes encontros. Cada uma das sugestões será revista e especificamente trabalhada para que se verifique qual o seu grau de relevância. O relatório também será composto por um quadro que discriminará as vantagens e desvantagens percebidas em cada sugestão apresentada pelo público pronerista. Mantém-se, contudo, o objetivo de atender ao máximo as demandas de alterações expostas nos encontros realizados.
Por fim, o jornal será modificado e terá seu perfil editorial determinado. Feita a revisão do jornal, a proposta é de que ele seja distribuído para as outras 7 regionais que também fazem parte do PRONERA /UNEB.







5 Cronograma de Atividades

Etapas/ Atividades ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGO
1 a 7 8
a 15 16 a 21 22 a 30 1 a 7 8 a 15 16 a 21 22 a 31 1 a 7 8
a 15 16 a 21 22 a 30 1 a 7 8
a 15 16 a 31 1 a
7 8
a
15 16
a
31
Pesquisa Bibliográfica Levantamento de Documentos e Livros X X X X
Leituras Iniciais X X X X
Orientação X X X X
Início da Elaboração do Trabalho Escrito X
Trabalho de Campo Contatos Iniciais X X X
Realização das Entrevistas e Aplicação dos Questionários X X X
Orientação X X X X
Tabulação dos Questionários e Transcrição das Entrevistas X X X
Confecção do Jornal Elaboração das Matérias X X X X X
Orientação X X X X X X X
Projeto Gráfico e Montagem do Jornal X X X X
Apresentação e Entrega do Trabalho Escrito X X X







6 Considerações Finais

O presente trabalho foi desenvolvido na tentativa de aliar a comunicação institucional à comunicação comunitária. O jornal “EM CAMPO” será destinado a veicular informações do PRONERA/UNEB e também informações das comunidades rurais com as quais trabalha. Esta atividade, realizada pela equipe, mostrou-se instigante por se tratar de uma prática diferenciada na área da comunicação, fora do circuito urbano, âmbito tradicional das ações comunicacionais das instituições.
Desenvolver um jornal que atendesse às expectativas de pessoas do campo (que dispõem de poucos recursos de acesso à informação) e estar lado-a-lado com esse público trouxe uma grande satisfação pessoal para as alunas. Pôde-se perceber, principalmente com a visita realizada ao assentamento Dom Mathias, como o jornal será importante para essa comunidade e o real desejo das pessoas em poder lê-lo.
Acredita-se que foi possível verificar junto aos alunos e profissionais que atuam no PRONERA/UNEB quais as principais demandas a serem trabalhadas no jornal, além de se estabelecer o perfil do público e seus principais anseios quanto à produção do periódico.
Observou-se que, por se tratar de uma área da comunicação pouco explorada, não existiam trabalhos acadêmicos similares na UNEB. Percebeu-se, também, que o trabalho com comunidades rurais e sindicais ainda é pouco ambicionado pelo campo das Relações Públicas, tradicionalmente relacionado ao setor empresarial. O jornal “EM CAMPO”, portanto, traduz-se em uma proposta inovadora na comunicação com a sociedade.
A Universidade, diante do seu papel de fomentar o desenvolvimento social, deve direcionar o conhecimento científico produzido pela academia para além dos seus muros, visando o bem-estar social e dando respostas às principais demandas que surgem da sociedade e das relações entre os homens.