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terça-feira, 20 de maio de 2014

Relato de Mãe/ Mariana e Matheus.




Bem, eu nunca quis ser mãe. Na verdade, eu nunca tive um pensamento muito tradicionalista das coisas. Nunca quis casar, ser mãe, ter aquela casa com cerca branca. Nada disso! Queria viajar, trabalhar, conhecer pessoas, morar em vários lugares, ser nômade no mundo... uma vida de aventuras! 

Aos 18 anos eu comecei a namorar um cara de uma cidade diferente e aos 20, descobri uma COMPLETAMENTE INESPERADA gestação. Eu tomava pílula anticoncepcional, me cuidava direitinho, mas devido a uma virose, a pílula "perdeu" o efeito e tcharaammmm! 

Eu, completamente alheia aos sinais do meu corpo, continuei tomando pílula até os 4 meses, quando minha madrasta começou a me perguntar se eu não estava grávida. Na dúvida, chamei uma amiga e pedi pra ela ir comigo comprar o teste de farmácia. Em 10 segundos o teste deu positivo. Eu congelei. Compramos outro e deu positivo novamente. Eu tive uma crise histérica de riso. No dia seguinte, eu fui ao médico e ela disse que eu já deveria estar com 4 meses, o que foi confirmado no ultrassom. Meu primeiro pensamento foi de: meu mundo caiu. Eu chorei muito, por tudo. Medo, desespero, ansiedade... eu não queria ser mãe! Eu não achava que eu tinha capacidade pra cuidar de outro ser. Eu mal cuidava de mim. Aquela notícia foi devastadora.

Depois de contar pra todo mundo, perceber os olhos críticos e ouvir as palavras maldosas das pessoas, eu fui resiliente. Até o 5º mês, foi muito estranho, pois eu não me sentia grávida, não havia nada diferente comigo, não tinha caído a ficha. Quando um dia eu senti um choque na minha barriga... e mais outro e outro... Aquilo não parava! Eu senti uma angústia, um misto de sensações. A partir dali as coisas começaram a mudar, a fazer sentido. No entanto, eu não sentia aquele amor incondicional que todo mundo falava. A gestação em si foi uma delícia, eu sentia muito afeto pelo bebê, mas não conseguia classificar como amor incondicional. O que era muito estranho pra mim, porque quando a gente engravida, a gente é cobrada o tempo todo pra ser assim. 

Durante a gravidez, muitas coisas aconteceram... reforma da casa pra acolher o bebezinho, compra de enxoval, mudança do corpo, mudança na relação (um desejo insaciável por sexo! hahahaha), o chá de fraldas... tudo novo! Até que veio a parte mais difícil: decidir como seria o parto. Eu morria de medo de ter cesárea, porque a minha mãe teve muitos problema quando me teve, fez mais 3 cirurgias posteriores, ficou sem poder me pegar no colo durante 2 meses. Foi terrível! E eu só conseguia pensar que comigo também seria assim. Optei pelo parto normal. E só me restava esperar. Eu esperei, esperei, esperei... e nada! Nenhum sinal. Não tive contração, não tive descolamento do tampão, não tive bolsa estourada naturalmente, não tive dilatação. Com a placenta completamente amadurecida, Matheus não podia mais esperar, então precisei marcar uma cesárea. DE-SES-PE-RO!

Marquei a cesárea pro dia seguinte, um domingo. Minha obstetra foi sensacional!! Ela conversou com o anestesista pra cuidar bem de mim, me abraçou e conversou comigo enquanto eu recebia a anestesia, enquanto era lavada. Ela me acolheu naquele momento. E a minha lembrança é de não ter sentido dor, nem medo. Foi de total entrega.

E quando eu ouvi o choro... foi... incrível! Eu me pego buscando no crivo da minha memória aquele momento... o mais feliz da minha vida. De repente, aquele serzinho tão pequenininho trouxe em mim uma enxurrada de amor que era inexplicável. Ele era a concretude do amor sem fim, desmedido. Eu sentia que eu podia explodir de felicidade naquela hora e espalhar aquilo pro mundo. Ele veio lindo, espero, atento, rebelde. Tudo o que eu esperava de um filho.

Eu era mãe de primeira viagem, morando com alguém que também não tinha experiência com a maternagem. Foi muito divertido! Eu ia descobrindo as coisas e fazendo tudo do meu jeito, meio instintivamente. Pescava algumas ideias dos livros, mas tudo era diferente! Não era tão compartimentado como nos livros. Era uma loucura deliciosa! E eu abracei a minha função de mãe.

Em meio a tantos sentimentos, experiências tão fantásticas, a única vivência ruim da maternidade foi a amamentação. Foi terrível, sofrível, péssimo! Eu não tinha bico do peito formado, o leite demorou de chegar, meu peito rachou muito. Tive uma mastite fortíssima, muita febre, muita dor. Matheus só mamava sangue e pus, enquanto eu mordia a fralda e chorava pra não gritar. O próprio pediatra pediu para que eu suspendesse a amamentação. Eu me recusei! Contratei enfermeira, comprei pomadas importadas caríssimas, aluguei uma bombinha elétrica, passei todo tipo de coisa que me aconselhavam. Foi em vão. Meu leite secou. E eu fui obrigada a ouvir todas as pessoas me julgando, porque eu TINHA DE amamentar. Pessoas que nunca haviam me ligado nem pra desejar um "feliz aniversário", me ligavam pra dizer que eu estava sendo frouxa, relapsa... Eu chorei muito, senti uma frustração imensa e cheguei a duvidar que algum dia eu conseguiria ser mãe mesmo.

As coisas foram se ajeitando, ele foi crescendo lindo, forte, saudável. E desde então, eu e meu passarinho, meu príncipe, meu bochechinha-mais-gostosa-de-dar-beijinho, estamos nos descobrindo mãe e filho. Um passo de cada vez. Ora errando, ora acertando. 

Tem sido uma experiência maravilhosa escrever esse texto. São 8 anos de memórias lindas. E olhando pra tudo isso, eu só consigo pensar que ser mãe tem sido a maior aventura da minha vida! 


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Nana Feigl

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